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Mostrando postagens de 2017

Primeiro Contexto

Não entendemos um suicida Até acordarmos de uma tentativa Sem alternativa, de tirar a vida Essa enxaqueca é colica mental Na cólera de uma ressaca moral Sorrindo, como se fosse normal Ao aprender com amor, ódio e ensaio A tentativa e o erro, os laços do cadarço Toda luz e escuridão dentro do acaso Geralmente eu viajo pela paisagem Não pela chegada, nem pela estalagem Pela cidade distante, o cenário e a miragem Um horizonte em amplitude é perfeito Desfoca detalhes e esconde os defeitos Desloca o estreito e ilumina os efeitos As luzes de longe são tão bonitas E é por isso que eu prefiro essa vista Não só a distância, pela pintura do artista Logo tem mais fogos de final de ano Logo chega o que tanto está esperando Logo se vai o que tanto esteve guardando Nada fica, nem o seu aprendizado Tudo pode ser esquecido e apagado Meras cinzas que o tempo tem levado Mas nosso instinto é ter fé e veemência Talvez seja isso aquilo que nos fortaleça A clareza entre o l

Romance

A surpresa vem junto dessa calmaria Ouço sussurros em meio aos gritos Bonança e serenidade para infantaria Impávidos esperando como um rito A carta de adeus será entregue Esperando medalhas e bandeiras em porta trancada O herói que não mais se ergue Dia bonito, sem chuva, em coro proclama a armada E na lápide diz; Aqui jaz um mártir de seu país E às vezes achamos loucura os que se matam pela religião Mas quem sou eu para julgar quem morre feliz? Se muitas vezes não vivemos assim, mas sim em depressão Tentamos ser desapegados, mas não é fácil a lição Queremos algo que seja mais do que simples adição Que seja o milagre da multiplicação, numa divisão Repartimos para sermos ou termos mais em reflexão E aí temos canções, filmes, livros e novelas Que nos emocionam e nos fazem rir com a tela Acaba a força e como é viver com as velas? Às vezes nos esquecemos que a vida é tão bela Eu nunca estive em uma dessas realidades que me foram trazidas Mas verdadeiramente me emo

Flanco

Pra ti pode até parecer tarde E há quem retarde Fazem-nos parecer covardes E ainda dão alarde Não é sobre o que vão dizer Mas sim, sobre o que você irá fazer E, não é apenas sobre o ser Mas sim, do que está pra acontecer Sobre todo o porque não respondido De todo o seu adeus evitado Sobre todos os seus fatos escondidos Do desejo de ser revitalizado O próximo passo de quem se ergue E o abrir dos olhos de quem imerge Muitos acordam e ainda está escuro Ainda mais nesse horário de verão absurdo Muitos deformam o que é conteúdo Transformam a sabedoria em um vago culto Mas oculto, onde ficam suas verdadeiras intenções E nem toda lacuna precisa ser preenchida A benção de amaldiçoados explodindo em canções Em orações e corações sem não ter saída Enfim, não se importem com aquilo que acontece ao seu redor Quem te salva é a sua fé e não tem força quem te deseja o pior Batalhas deixam cicatrizes Mas nem sempre sobre nossa pele e nosso corpo Temos diferentes diretr

Cautês

Sobe e desce as escadas Dizem que gente boa tem de monte Sobe e desce as escalas Mas que as confiáveis se escondem E nesse ciclo de chega e sai Poucos são os que ficam e somam E nesse ciclo de leva e traz Raros multiplicam e nos reformam Somos partes de muitos Das conexões e desapegos feitos Somos inteiramente luto De um imenso cemitério no peito Peças de um quebra cabeça que se encaixam Mas que nem sempre combinam Geralmente, partes do corpo que se enfaixam Em tédio e costumes que rotinam Somos as luzes na janela Vindos de uma conversa que nem aconteceu Somos as luzes de uma vela Dentro do blackout e tentando fugir do breu Quem nos conhece O que sabem de nós? Quem nos descreve O que sabem dos nós?

Burlês

Caro amigo do peito Que sabe a poesia que me causa insônia Ao que seja dito e feito Um abraço e um beijo no rosto, cafonas Caro amigo das calçadas Dos últimos a saírem de uma festa chata A cerveja que esquenta a lata Observando as estrelas, olhando pro nada Caro amigo das estradas aleatórias Do qual paramos, desenhamos, rabiscamos, cantamos Contamos e recontamos as histórias Mil sem final, sem começo e o meio que nós bagunçamos Caro amigo dos desabafos A quem posso falar, de ouvidos altruístas Garganta sem nó, desencargo Mas vem sempre cigano, nômade e turista Caro amigo dos gostos parecidos Mas que diverge e se diverte com minhas opiniões confusas Vem acompanhado dos esquecidos Não nos vemos há tempos e parece que nos vimos Segunda Raro amigo, é sempre bom te ver...

Nossa missão nem existe

Ascende a vela E o pouco que se observa já é o muito Passos à cautela Lentos no silencio que confessa o luto Um pote de conservas Onde não há conversas sobre o futuro Sem precisar de reservas Mesas de um bar iluminado e obscuro Já é segunda de novo Ou, é mais um ano começando Fixa a tinta no corpo E da vida, o que está pensando? Mesmo se eu desabafar com algum Freud num divã Eu sei que não vou entender minhas loucuras do presente ou pretérito Não me entendo hoje, nem vou me entender amanhã Talvez por mérito, questionando, investigando e fazendo um inquérito Se eu pudesse voltar no tempo Creio que seria muito bom refazer todas a merdas que já fiz Seria mais fácil perdoar e atento Abraçaria mais do que abracei, sorriria bem mais do que sorri Não daria conselhos e apenas observaria o Caos acontecer Não teria segredos, eu apenas observaria o Caos acontecer

Eu só queria saber o que me dizer...

Me dou bem com meu Nêmesis Instalo o caos limpando do sorriso todo o veneno Me dou mal com meu Gênesis Não gosto de perceber o silencio, tremulo terreno Sereno, não sou nem ao menos nascido em terreiro Mas aprendi, acolhi e me tornei guerreiro Pequeno que não aponta, mas costuma ser certeiro E mesmo no vazio posso me sentir inteiro Fui a semente jogada na terra Que a chuva levou e brotou no meio de alguma outra colheita Disseram pra eu ser de guerra Mas creio que temos pouco tempo e a vala me parece estreita Nossas diferenças são as que nos equalizam Somos as ondas que se reverberam Nossas luzes tentam, mas elas não sinalizam Somos as ondas que mais se quebram Se algum dia você sentiu que não era daqui Talvez pensou igual a mim Se achou maluco e percebeu estar fora de si E talvez até fosse o seu fim Mas somos ciclos e depois de todo fim, tem um começo Não o recomeço, não confunda, pois tudo tem seu preço (...)

Disse o Nômade -

Sua beleza está nas olheiras que a maquiagem esconde A fonte, a paisagem urbana bem de longe no horizonte És a inspiração pichada nas paredes que ligam a ponte Pinta em formato de poesia e a morte torna-se Caronte Suas palavras são a energia e o seu sorriso a calmaria Sinto-me em paz e passam várias coisas em minha mente Deixo-te ser meu vento sem norte, mas em sabedoria Galeria de filosofias de Lua e Rua, de poentes e vertentes Não existe só um caminho e divergimos toda essa informação Pois tenho outra formação, outra percepção e outra preocupação Mas o que levo de lição à cada conversa que desfoca a direção Somos todos irmãos, apesar do pouco ou do muito calo nas mãos Filhos da Terra...

Calma Calamidade

Personagens de nós mesmos Alucinados com nosso desempenho Maravilhados com o desapego Geralmente em profundo desespero Um prólogo, um sumário Capítulo à parte ou em meia página Previsões num calendário De epifania, de inspiração e táticas Traçando rotas na direção da Luz Nos caminhos em que os galhos fazem Sombras, vou para onde nunca fui Flutuando nem à maré, nem à margem Em minhas frases tão silenciosas Escondido dentro de um mero acorde Há um cálice cabisbaixo à prosas Tons menores simbolizam a sua dose Um brinde pra ninguém Em direção ao copo ausente Estreito é o mal e o bem Na intenção ainda pendente Na sarjeta, na guia, a solidão do homem na esquina tão repentina Tão repetida e se não fosse tão nítida, mas se não fosse tão minha Seria de quem?

(In)Solúvel

A arte do incomodo na sétima pedra de seu sapato O medo e o terror foram personificados À la carte dançando no escuro ao que se tem deixado Ondas do destino ou os idiotas findados Seguem algumas casas pra frente e outras pro lado Onde o bloco foi quebrado e remontado Um sorriso ao que vem da terra e ao que é enlatado Ou onde o foco foi suscitado e rematado Sinta-se mal na sintaxe de um estar A minha sala de indicativos sem um bar Entre pretéritos e presentes, meu lar A melancolia de esperar o futuro chegar Mas e quando a nossa paixão acaba A força e a energia tornam-se nada?

Folhagem

Desajustado e desajeitado Mas não rejeitado Derrotado de pé descalço Falso desalinhado A ferrugem nos ossos O sorriso quadrado A palavra do Cosmos O brilho iluminado Não vem de mim Nem serei eu Não é o meu fim Nem será o seu Não tenhas medo O que foi dito vem do pavor e da fraqueza O terror em enredo Falam de humildade utilizando de avareza Covardes e debilitados Falam de uma força que eles mesmos  não têm Vulnerareis desalmados Falam que logo chegará aquilo que nunca vem Pois bem, nós seremos levados E assim, tragados pelo legado...

Trinta

Às vezes sua perdição é tentar se encontrar Ou sua ambição pode se tornar sossegar Assim, como é uma traição tentar fidelizar Ou onde a partida se transforma em ficar A minha busca não é igual a sua E não insista, pois ela nunca será Mesmo estando do mesmo lado Nós caminhamos pra outro lugar Tente personificar suas palavras São as suas visões Tento personificar as minhas asas São minhas ilusões Cansei de procurar e cansei de esperar Mesmo assim, eu deixo estar Cansei de me torturar e me atormentar Mesmo assim, entre o pensar Me lembro de tudo que já passei Para chegarem os dias de hoje Em frente a tudo que já enfrentei Para chegarem os dias de hoje Foram-se os dias de colocar uma corda no pescoço Entram as crenças de se libertar em meio ao esforço

É só o vazio e nada mais

É só o vazio e nada mais Nada de tanta importância, é só irrelevância  Algo que carrega minha paz E que leva de certo modo, alguma esperança Fragmentos de lembranças Fotos que eu ainda tenho em um cemitério de gavetas Sacramentos de desconfiança Poesias que ainda tenho amassadas ao pé da cabeceira É só o vazio e nada mais Dramas de um incapaz  O tentar torna-se ineficaz Ao vácuo que nada traz E transborda um Universo de Supernovas  Onde há covas, mas algo sempre se renova E eu deixo o tempo Mas o tempo é um ser traiçoeiro Em meio a remendos Talvez certeiro, talvez engenheiro E é aí que eu tenho mais medo  Tornar-me máquina Ter sangue frio e o peito de gelo Tornar-me lastimas

Entre Gênesis e o Big Bang

A maioria dos dias me parecem passar em vão Para pouco dos melhores dias se tornarem poesia e canção Todo erro vem em formato de presente e lição E assim toda fração de dividir no milagre da multiplicação A palavra é mero artifício para a interpretação Onde a paz pode tornar-se destruição E tudo depende do receptor e da manipulação Onde vedam a inocência em obrigação Dizem que viver e ser você mesmo faz parte da sua destruição Te moldam a pagar pela sua salvação E acreditar em Deus não me força a acreditar em uma religião Silenciam o que é criação ou invenção Mas quem criou seu Criador com tanta exatidão? Ou quem pode afirmar o inicio e a explosão dessa imensidão? Entre Gênesis e o Big Bang, fica minha confusão Ainda sinto energias muito maiores do que eu nessa escuridão Acreditem no que quiser, cada um tem a sua fé Mas para ressurreição, sou igual a Tomé Ou mais um mero João afundando em sua maré Para eu acordar, tem que ser forte o café Pois eu não sou incréd

Dramaturgo

Muitas vezes cansei de ser o amor E passei a ser simplesmente rancor Por mais que essas palavras pareçam egoístas As mascaro de atos altruístas E por mais que eu disfarce minhas conquistas Não insista, não sou romancista Já fui, eu já cuidei muito mais do amor do que de mim E como num belo passe de mágicas, tudo teve um fim Mas não desisti do mundo Eu apenas dei aquele tempo pra tudo Voltei a reescrever o futuro Voltei ao meu silencio mais profundo Cansei de conversar com aqueles que fingem ouvir Não os deixo ter empatia ou pena, apenas finjo sorrir Esse mundo está tão perdido Que eu não quero me encontrar, nem me encaixar O objetivo torna-se tão infinito Que eu não tenho vontade de explicar ou desenhar E olha, eram as coisas que eu mais gostava de fazer quando criança...

For(ense)

Não podemos esperar pelo que não aconteceu Nem pelo que talvez possa acontecer Nós não podemos esperar Não podemos centralizar toda a culpa no eu Não queremos nos deixar envelhecer Não podemos descentralizar Sobre o que podemos ou não, Foda-se... Temos um grande poder, o poder de ser Bata o seu martelo e... é isso! (Ainda acho que falta muita coisa)

Se pudéssemos dizer tudo o que sentimos...

Parece confuso dizer que no escuro Tudo fica mais claro E se o bonito é cliché, torna-se nulo Ao peito e ao disparo Somos infames em meio a milhões Mas os que nos conhecem, o que eles sabem de nós? Somos protestantes em meio a sermões Mas faríamos tudo igual se pudessem ouvir nossa voz? Se pudéssemos dizer tudo o que sentimos... Sairia desordenado, complexo ou riríamos? Nós só saberíamos se falássemos Mas é que o silencio muitas vezes toma conta Supera a vontade e a nós mesmos Dá um nó na garganta em formato de afronta E com o tempo nós fortalecemos o nosso escudo Deixamos a armadura impenetrável para lanças e serras Nos protegemos ainda mais, indo pra trás do muro Mas seríamos mais livres, se tudo não fosse uma guerra Se pudéssemos dizer tudo o que sentimos... Sairia desordenado, complexo ou riríamos?

Entre Silenciosos e Loquazes

Eu ouço mil vozes diferentes E cada voz  me traz demasiadas histórias Algumas ferozes e veementes Outras, com a serenidade das memórias E a minha maior escuridão Está na sombra dos que me assombram Onde toda feição e afeição São as que me perseguem, me sondam A porta ainda está aberta E o mundo não está preparado Para entender a descoberta Sensibilidade traga em recados Nós somos os filhos da invenção Punidos por uma forma infecção Munidos, mas sem uma intenção E paralisados pela intensificação O que os mundos têm a nos dizer O que o nosso corpo tenta conceber O que o medo nos impede de ser O que os sussurros tentam converter Seres com tendencias à esquizofrenia da perseguição Ou em seres que buscam a salvação e a auto correção Ainda assim, somos todos loucos!

Ilustra

Dentro de empasses Entre o se prender ou o se libertar Entro e peço passes O samba de se perder e se perdoar Fecho o corpo Peço a proteção e vou A cara de louco Não demonstra quem sou Mas as flutuações sim Mostram as essências a serem corrigidas Deitado no ar de jasmim Perfumes que trouxeram de outras vidas Nas escalas de marfim Duas passagens extensas de notas no violino O Outono e meu jardim Perdidamente, o brilho de um olhar cristalino Aquele que evitei por horas no deserto Mas não paro de pensar Aquele que nunca imaginei ver de perto Mas não paro de sondar O sonhar de respiração ofegante e dissonante Errante, constante, mas ainda assim... distante Fecho o corpo Peço a proteção e vou A cara de louco Não demonstra quem sou

Sentimentos Agudos em Notas Tristes

O que acabamos nos tornando? Como chegamos onde estamos? Aos detalhes que se calibra E mesmo assim se desequilibra Caminha ao que se imagina Enfraquece meus ossos e fibras A gente dorme de um jeito e acorda de outro Em que casa a Lua deve estar? A gente some quando nos convém desesforço Qualquer varanda, sala de estar Somos inconsciência E somos impaciência Tenho minhas manias estranhas e lineares Que bagunçam toda uma estrutura Quando volto a te ver em todos os lugares Tento me convencer que é loucura Nossas baterias estão cheias de contratempo Mas eu ainda consigo acompanhá-las Eu abraço nossa contramão e corro desatento Em vozes que só eu consigo escutá-las Durmo em pesadelos feitos de neve e Luz opaca, astral Não consigo ler as placas, é a insônia, é a ressaca moral

Sagitta

O que o sorriso esconde? Garras ou solidão? O que o silencio esconde? Planos ou indecisão? O que escondemos do mundo Desenhamos mapas e colocamos em garrafas sem vida Para talvez, alguém encontrar Mas as possibilidades são pequenas e sua fé menor ainda O seu quarto torna-se escuro e bagunçado E nem o feche de luz do Sol te faz bem As escolhas de músicas, são seu pior lado Mas o que te faz mal, na real, vai além No Big Bang, o Universo que criou pra ti É você mesmo Em meio à Supernovas que vão explodir Estão aí dentro E por isso parece tão vazio...

Cruzeiro do Sul

Somos cheios de linhas tênues Entre o arriscar e a insegurança Somos cheios de linhas tênues Entre todas ilusões e esperanças Desabafa, desaba ou deságua Reprimido e é nítido que está destruído Diz, abafa, mas não diz nada Observa tudo enquanto embaça o vidro A verdade pode até te machucar Mas é totalmente libertadora e criadora Onde a paranoia pode complicar Entre mentes vencedoras e acolhedoras A sua fé o curou Somos os nossos anjos e demônios O seu lobo uivou Somos feitos de coração e neurônios Ainda ouço mil vozes Que me contam mil histórias diferentes Entre mansos e ferozes O meu Eu interiormente e inteiramente Ao que é se descobrir ou se destruir Se contém para não ter que explodir

Montanhas

As flutuações dos planetas E das cartas nos dizem muito São desenhos nas estrelas Frases de ternura e de insulto Na luz e na escuridão perfeita Entre o enxergar e o ofuscar Em linha reta ou curva estreita Não voltar, mas redirecionar Somos como trilhas na escalada de uma montanha Onde bem poucos querem chegar ao topo Muitos preferem ficar nas suas casas, de campana Sem sentir o vento, o sopro em seu corpo Só querem chegar ao final Os que sabem quão bonito é o horizonte visto de lá Abrir os braços como ritual E gritar bem alto que "É bem aqui onde quero estar" Se você não é uma montanha Tente ao menos encontrar a sua Pode parecer singela façanha Como observar as fases da Lua Encontre algo que queira ser E que esse estar, seja em você

Se Repete

Vamos do Maquiavel ao maquiável Em tudo o que você espera que esperem de você E da síndrome do TOC ao intocável Da limpeza superficial sob o tapete que não se vê Nós não somos nem raízes ainda Somos frutos de sementes que nem plantamos De onde toda chuva é bem vinda Somos a pressa nas preces de alguns cânticos De todas as vezes que eu chorei pra dentro Me remoendo em remendos Ou das vezes que me enforquei por dentro Entre os nós de meu silencio Tive algum lampejo esperança Pouca, mas foi o suficiente Onde sobrevivência é herança Decrescente e descendente Você sabe quais sementes se tornam árvores? Ninguém sabe, nem a própria semente Você sabe quais sementes se tornam árvores? Ninguém sabe, nem a própria semente

Castelo de Gelo (parte 2)

Silencio e você sabe disso Não tem destino incerto Discreto e você sabe disso Decreto que és concreto Mas e a força das palavras As honras em medalhas no peito Mas e a marcha pra batalha Nas linhas de frente que enfrento Saber o que dizer Mas não saber como Saber o que vencer Mas não saber como Em minha insônia da calada Minhas poesias em vão amassadas O que era teu e sobrou nada Sobre refazer a canção fracassada Tiveram outros nomes Tiveram outras almas Mas só tu és uniforme Mas só tu foi escalda Onde a ferro e fogo tornei-me a espada O escudo e a armadura Devasto caminhos ao tornar-me estrada Horizonte sem pintura Hoje eu deixo a noite me abraçar Desabafo com todos os meus demônios Eu deixo a escuridão me iluminar Desmascaro todos os infames sinônimos Calo-me com o meu despertar Meu relógio atemporal vem me acordar As ondas chegam de outro mar Das conchas de minhas mãos, o sonhar Distraído com a paixão Seguei mente e coração Era bom pensar o

Melindre e Esmere

Queria falar das flores, suas cores e perfumes Mas, algumas são cheias de espinhos e venenos Queria falar do horizonte, de sonhos e futuros Mas o que está distante, não está em seus dedos Aquilo que não se guarda, é algo que se perde Desaparece sem deixar pista E creio que a confiança seja um mero presente É algo que não se conquista Nem ao menos se reconquista ou simplesmente se caça Queres a paz, então que você mesmo a faça Nem tudo que brilha é taça ou nem todo olhar é ameaça Sobre a esmola ser demais ou nem de graça Sei que o menos é mais E quem fala demais, eu nem paro pra ouvir Sei que o menos é mais E que eu jamais deixo de parar para refletir Gosto dos mínimos detalhes E de contrariar as suas informações Não observo muito os lugares E te contaria todas minhas infrações Mas ainda não assumo o compromisso De tirar horas de prosas ou para fazer novas amizades Muitas vezes desconfiado, sou omisso Embora eu tente em sonora desconstruir essa realidade So

Chuva Negra (parte 2)

Me refaço nítido Transparente no olhar De pouco sorriso Minha Orbe, seu Luar Deixo a ti, meu melhor E todo o meu pior Deixo a ti, os meus nós Desamarrados e só Em formato desastral E olhar submerso Sou o espaço sideral Que te une versos Mas sem a gravidade Para te pender ao meu solo Vácuo de neutralidade Sou o nada aos seus olhos Há mil anos luz Amassei nossa poesia Sei de minha cruz E de minha kriptonita A me enfraquecer Ou a me fortalecer

Antunes

Quantas poesias a tristeza já me trouxe? Em quantas teorias imparciais eu já me perdi? E de escória em escória, há quem fosse Remendos em remendos das vezes que sorri... Não sou a cura de seu porre, eu nem ao menos tento Não busco a cura de minhas neuras e deixo ao vento Das vezes que a solidão me pareceu a melhor companhia Coloquei nossas musicas antigas em meu bolso e saí  Das vezes que a multidão se fazia de silencio em sinfonia Era como um clipe cinza de bandas grunges pra mim Óculos escuro e protetor solar de uma Terça qualquer Observo o homem em sua cadeira de bar Olhando pra nenhum lugar, talvez vazio, talvez cheio Tão solitário e todos ao redor a conversar O que se passa em cada Universo, nem dá pra saber Não sei nem o que se passa no meu ou como proceder Nem deu tempo de ler meu horóscopo hoje...

Suco de Laranja

É tão difícil te adiar E é tão fácil me odiar Não é simples esperar Por mais paciência Que eu tenha adquirido Com a experiência O passar dos anos Traz de volta Vários planos Do mesmo modo Que desapega Se senta, cala e sossega Faz-me ir de um dia vazio À um dia inteiro Na mesa, um copo sempre cheio Para alguns, é bem simples adiar Deixar o domingo te procrastinar Mas eu odeio postergar ou prorrogar Mesmo num cochilo pós almoço - Vamos! Nós sabemos muito bem onde estamos Onde nos encontramos e acabamos Sendo mais...

Ninguém vence uma Guerra (Quando muito se perde)

De longe é tudo tão pequeno Menos a imensidão desse Universo Costumo aparentar-me sereno No conforto da escuridão, confesso Sinto-me limitado e tento me superar Talvez por fé, ou ao menos para eu tentar provar O gosto que tem os sonhos, fantasiar Talvez é pela solidão que eu tente me solidificar O peito é um apartamento A nossa mente está no ultimo andar Em um, olhamos pra dentro E o outro é quem nos faz deslumbrar Mas tudo aquilo nos maravilha Também brilha, vem e nos ofusca E aquilo que não se compartilha Não merce ser chamado de busca Já se perguntou o porque das pessoas gostarem tanto de você? Por que estão ao seu lado, ou, por que elas confiam em você? (...) Sobre nós, nós nunca estaremos preparados E por isso cada dia é um desafio, ao que vai se ocorrer Não sabemos nem o que está ao nosso lado Imagina então, o que está à um segundo de acontecer Por que tentamos tanto nos engrandecer? Não precisamos disso para viver, acontecer Nos vendem trunfo para p

Entre Tônicas do Silêncio e Mil Vozes

Dentre vastas frases em vão Uma me chamou atenção Veio como um convicto não Ou cheio de moral e lição Disse-me Os lírios não são assim tão bonitos E os campos não são tão verdes Aquele que sente, é mero distraído É o ilusionista da própria mente Estava equivocado Não foi de veras, traído Sentia-se enforcado Do mundo, um excluído Nós vemos só o que queremos ver E de tanto ver, esquecemos das visões do outro O que enfraquece poderá fortalecer E vice-versa, vide versos, somos todos monstros Anjos, Demônios... Nós somos heróis e vilões E às vezes, os singelos figurões a observar Somos silêncios e sermões Consciente inconsciências a desconcentrar Pois também somos horizontes intocáveis Assim, como nós também temos nossas paixões platônicas Podemos ser compreensão ou indecifráveis Dissonantes, ressoantes e cheios de assimetrias harmônicas Estamos sempre aprendendo ou ensinando Ou estamos nos arrependendo e a(r)mando

Viagens no Templo

Lagos esquecidos Avenida da Saudade Jardim Primavera Bairro da Liberdade Quando desce na Consolação Fica mais distante Dia cinza de qualquer estação Esquina do gigante De Vila Rica à Praça da Piedade Rua da Forca e Campos Elísios Parque Ideal, Via das Majestades Casa das Orquídeas no 3° Piso Vou à vários lugares Para esperar por alguém que nunca mais vai voltar Subo vários andares Pra chegar mais perto de quem não posso alcançar Aquelas nossas músicas antigas fazem-me, o saudosista Transportam-me ao lembrar de um tempo bom, na pista...

Cedência de Redenção e Gradação

Ando perdido pela estação De um destino desconhecido Sem condição ou condução Peregrinação, olhar dividido As folhas desenham o vento Não caem de imediato Um choro traz o nascimento Histórias de um retrato Nada é exatamente aquilo que se vê No peso que se carrega em um sorriso O desespero na serenidade à mercê Ou a escuridão que se reflete no brilho Todo olhar tem um Universo escondido Inteiramente vasto em estrelas ou vazio A visão embaça de vermelho Não são lágrimas de sangue O reflexo se perde no espelho E não é nada, nem foi antes Todo olhar tem um Universo expandindo De estrelas cadentes, mundos explodindo E com o passar dos anos você começa a perceber Que na vida não possui conta de ciência exata Sem prazo para devolver sua alma ou reconhecer Que não é só tática, pois na prática há pro rata

Libélulas

Eu deixo em aberto toda contra-argumentação Mas se eu achar que nem vale a pena, nem prossigo Opiniões já formadas por bolhas geram tensão E merecem atenção até certo ponto, depois é perigo Se é de direita ou esquerda, tem religiosidade ou ateísmo Até o que deveria ser diversão entra nesse cinismo É tudo a cultura de vendas, somos filhos do consumismo São atores mascarando seu altruísmos em egoísmo O que mais me irrita é isso causar comoção A transformação e a transmutação da ilusão Você luta tanto pra tentar ser alguém Não compreendeu que você já é? E você tenta acreditar em algo maior Mas já foi presenteado com a fé! Não deixe moldarem sua mente e seu corpo Mesmo que ser fora de moldes seja ser louco

Enforcados

Me sinto cheio ao lado do vazio É muito peso e eu necessito descansar os meus ombros Mas me sinto inteiro ao sombrio Sei que preciso livrar-me de meus monstros, escombros Os meus fantasmas, eu já expulsei Mas quando a mala ficou cheia, foi preciso livrar-me das tralhas E muitas coisas ao lixo, eu joguei Mas nunca imaginei que seriam tantas coisas a não me fazer falta Estou sempre renovando minha bagagem Afinal, é longa essa jornada e essa viagem O único presente que eu sinto que seja real É o conhecimento Mas até isso o tempo pede de volta no final E ao firmamento... Ninguém aqui é algo eterno Então muitos se enforcam com o passar dos anos Tomam seu próprio veneno Que sai da própria saliva, em suas cordas de planos E administrar o tempo me parece algo tão vago Pois é como se eu jogasse várias vezes os dados

Reflexo no vidro do Ônibus

Instintos diferentes Destinos próximos Aquele olá ausente Altruísta e retórico Se perdeu... Ou eu que perdi Sei lá, indo pelos outros caminhos Ou eu que sumi Nos atalhos, bifurcações, desígnios Se encontrou... Mesmo cheio de nó na garganta Não se enforcou em gravatas E fez da escuridão o seu mantra Nos raros dias de sol e regata Lado B... Meu bônus de um dia cinzento A conversa de olhares, silencio

Aita

Um poder total sobre o destino, não Mas talvez uma intenção Não sabemos quando está pronta a nossa criação Desenho, escultura ou canção O que temos é a certeza em contradição Vários dias de contramão Dias de presentes e dias de lição Dias modestos e dias de ambição Largo o meu linear na fúria contra a prisão Tenho lampejos de concepção Cheio de hesitação, ainda acredito na continuação E muitas vezes inerte, tenho fé na elevação Sei muito e sei tão pouco sobre aquele que sou...

Anchieta

O peso é leve pra quem já o carrega A brisa leva quem levanta um pouco o rosto e fecha os olhos Essa tormenta é só mais uma chuva Tudo é sombrio, me sinto confuso quando estou muito sóbrio Mas sobriedade não em abstinência Não falo das ilícitas, mas de vendas O peso de suas costas estão em suas malas Ou tudo aquilo que você escolheu carregar para a sua jornada O que te faz seguir, te protege ou te encara Todo carro que passa, toda carona que para, a próxima parada Mochileiros sem destino concreto Só asfaltos, terras, Verão e Inverno

Esboço Sintético do Talvez Eu

Me perdi em esperanças Me reencontrei nos medos E me confundi em ânsias Onde se exalava o veneno Nunca fui de amar por amar Mas entendi os meus desapegos Talvez fui de sangrar, chorar Passar mal, mas parecer ser seco Com as lágrimas na alma E o nó em minha garganta Já vomitei muitas palavras De derradeira desconfiança Por mero orgulho meu, eu nunca voltei atrás Muitas vezes arrependido Eu tive uma insonia, que só a ansiedade traz Nos sentimentos partidos Ainda assim trilho o meu caminho sem ter medo de errar De ser deixado ou deixar, ser questionado e questionar Ainda assim caminho com extrema vontade de encontrar Aquilo que eu sei que o destino faz questão renderizar Eu...

Arbítrio

Sabemos o que somos e fomos E sabemos de cada escolha que tomamos Na medida que nós crescemos Entendemos melhor o que nós queremos Nascemos com mais de mil caminhos E com apenas um destino certo De olhar escuro e um brilho cristalino Poeiras de um Universo deserto Em cada bifurcação ou contramão Somos culpados ou vangloriados  Em cada direção de autoavaliação Somos os acusados ou exaltados Nós somos os Juízes do nosso próprio juízo E responsáveis por nossos lucros e prejuízos Dizem que nós nascemos e morremos sozinhos Mas alguém te traz e alguém te leva Faça de seus sonhos realidade ao que está vindo Enquanto ainda se levanta da queda

Um momento e já vamos...

Fecham-se os ciclos e temos a escrita Estreita e infinita, sem origem ou final Armam-se os guerreiros sem batalhas Munidos de navalha ao nada, o abissal Nossa guerra dá lugar ao drama Somos os seres de batalhas mental E na deprimente busca por fama Nos tornamos menos que o espiral Somos meros escravos do que nos foi dado O tradicional, casual e sentimental Dobramos nossos braços e ficamos calados Ao sensual, escultural e comercial Somos mentiras comprando mentiras...

Eu Ilha

A cada impar ou par, a sua sorte Entre a curva e o linear, um norte Muitos seguem E bem poucos que são seguidos Muitos se erguem E menos ainda, são os erguidos Você pode nadar contra a maré Na direção da terra à vista ou do fundo mar Você pode buscar o que quiser Mas não saberá ao certo o que vai encontrar Temos sonhos e planos Mas gastamos muita energia com o que gostamos, pensamos Pensamos que gostamos Nem tudo é o que parece, nem quando sorrimos ou choramos Pois sou a vida de mil homens Onde cada um tem o seu pensamento diferente Sinto confusão quando um some E me enlouqueço quando vem outro de repente Ainda não sei se todas essas poesias que escrevi são minhas...

(U)Tópicos

Roubaram a inocência de Adão E foi lhe oferecida a escravidão A poesia do nascer e pôr do sol foi perdida por muitos Que dormem e acordam no mesmo horário de bilhões As belezas da natureza se tornaram tédio em conjunto E as músicas de hoje, usam aqueles mesmos refrões Fingimos não ver o fogo e os colchões sob as pontes Ou o homem que anda descalço no frio O tempo que sobra para observar o imenso horizonte É o tempo que se transforma em vazio Canso de dizer que estamos aqui só de passagem Mas nos cobram pedágios para fazer esta viagem Um aglomerado de fúria em frustrações Apenas assisto o tamanho da queda livre O escuro dos olhares e suas extensões Onde lamento no fundo da alma sublime Nos vendem uma felicidade que não existe Sugam nossa fé, que é a única coisa que nos faz seguir Nos dão direções onde só máquinas resistem Pagamos um preço muito alto pela mentira que é existir Roubaram a inocência do cidadão Mas ele trabalha e pode comprar outra outro dia Mesm

Cognição Abadia

Ver graça na desgraça É a utilidade mais egocêntrica A atenção se disfarça E toda visão parece excêntrica Não acredito mais em tempo perdido Observo tudo como crescimento pessoal Por mais que quase nada faça sentido Observo a todos como um destino casual O que amamos e odiamos nas pessoas são as suas atitudes O que esquecemos dentro delas, são os sentimentos O que queremos ou desprezamos fazem parte das virtudes E o que esquecemos nelas é um imenso firmamento Nós somos universos de diversos versos desunidos E somos guerrilheiros de apenas palavras, munidos Às vezes digo somos Mas sei que poderia ser apenas eu Às vezes perco o sono Sem pesadelos, apenas meu museu

Planar

Por que tens medo de ser você De explodir ou ser livre? Por que tens medo de aparecer De destruir e reconstruir? Creio que somos gotas d'água Que chovemos em lagoas e córregos estreitos Algum dia chegaremos ao mar Depois de tanto trovejar em ondas, satisfeitos Não perca tempo sendo uma imagem Estamos aqui só de passagem Não perca tempo sendo a mensagem Estamos aqui só de paisagem E é o quadro que tem que nos imitar Não podemos nos abalar ou nos intimidar Somos o sangue e não tinta a retratar Estamos sempre a renascer e a ressuscitar Somos deuses de nós mesmo Com poderes restritos a apenas uma órbita Somos a ordem e o seu peso Com um comando em serenidade e cólera Somos a inconstância dos acontecimentos No voo livre de um pássaro Menores do que a vastidão do firmamento O pouso livre de um pássaro

Vozes

Não venha me dizer que foi em vão Não venha me dizer que perdeu seu tempo Não venha me dizer que tudo acabou Que foram tudo, suas loucuras de momento Não venha me dizer que perdeu sua fé Que ninguém dá valor ao que nós fazemos Não venha me dizer que seguirá a maré Que não tem mais forças pra usar os remos Não venha me dizer que está tudo uma bosta Que nada se movimenta e que não recebe mais proposta Se onde você vai, você encosta, você se esgota Que não sabe mais a resposta, que seu Deus não mostra Não cansa de culpar o Universo por seus passos Por seus lapsos e seus colapsos? Não cansa de culpar o Universo por seus traços Por seus cadarços desamarrados? Falsas histórias retas em linhas tortas Se não abre sua mente, como quer que se abram portas? E se a cada missão dada, você aborta Não se preocupa e acha mesmo que alguém se importa? Anotei cada voz em minha mente E me desprendi dessas correntes...

Palingenesis

Estamos tão distantes de nós E os olhares distantes nos fazem lembrar Do brilho, das cores em trovas De um sorriso tão religioso a se parabolar Nosso Universo gira em torno de saudades Daquilo que ainda não tivemos Nossos castelos desmoronam nas vontades Em tudo aquilo que queremos Somos a história do que não aconteceu, mas sobreviveu Fantasiamos momentos de paz E guerreamos onde o destino nos deixou e nos esqueceu Fantasiamos momentos demais Toda distancia é mental Nem todo encontro é acidental Toda crença é elemental Nem toda história é descomunal Mas são todas por si só, especiais E as nossas por si só são espaciais Será que toda poesia que nasce tem o seu próprio signo? E que o karma é de fato purgatório em vida, retorno? Será que todo acerto e tropeço tem haver com o destino? Porém, ainda peço que adeus nos traga algo de novo!

Graças e Garças

Remendos na pele Meus planos à luz de velas Chinelos e meias A porta da geladeira aberta Minutos automáticos Nada passa em minha mente Recobro a consciência E me pergunto inteiramente Flutuo ao futuramente Ao som de várias vertentes Que mudam de repente Que passam aleatoriamente E que só de atravessar portas Eu já me esqueço de novo o que iria fazer E tento buscar nas memórias Tão recentes, tão latentes desse anoitecer Eram planos e poesias que eu não anotei E eu imagino que elas voam para outro escrever Foram partes de um dom que não segurei E eu imagino que elas voam para outro acontecer Não eram minhas...

Anacronismo Sonoro (E se...)

Para uns de nós A música tem que vir com um sentimento Mas para outros Ela precisa ser apenas um hit do momento Enfim, independente daquilo que você espera dela Que assim seja, que ela te traga Pois somos muito viciados na brisa que vem bela Que nos embarca, nos embriaga Fico triste pelo artista que vendeu sua alma e dom Que faz qualquer coisa por dinheiro, qualquer som Mas assim, bom mesmo é cantar pra Lua Improvisando na cultura que se cultua Com só os verdadeiros, originais nas ruas Sem precisar ver se já passou das duas Quero conhecer um novo Seixas ou um novo Cazuza Que nos mostre as loucuras que vêm da música Que nos diz mentiras sinceras ou tem medo da chuva Que nos deixa perplexos e com a mente confusa Já estou cansado de tanta música igual e repetitiva Que toca em todas as rádio chicletes de minha vila É pedir demais Um novo samba de Cartola? É pedir demais Um novo Adoniran Barbosa? E se isso, e se aquilo... Só nós podemos mudar tudo isso!

Idealismo Ingenuo

Uma intenção que vale Sua tulipa de origami O perfume que se inale Seu mel, meu enxame Sou aquele olhar aflito No tempo que para Junto ao peito descrito Sua franja, sua tiara Somos muito de pouca conversa Platônicos de toda uma vida dispersa Somos aqui, a atmosfera reversa No caos, na gravidade e na promessa Planos malucos de quem desenha Não escolhe suas cores Deixa fluir em toda a sua resenha Mas de poucos amores Sou o Hoje cheio de passado No quarto calculo Olhar da noite, céu estrelado Silencio, vocábulo Ainda somos muito de pouca conversa (...)

Estamos em Obras

Nós estamos em obras Em meio a chuvas de veneno de cobra Por hora, colhendo sobras Mas plantando sorriso pra ver se dobra Ver se multiplica e assim não se limita Ver se infinita conforme se conjuga, se verbaliza Ver a quem irrita e de quem o olho brilha Ver o abrir dos braços enquanto a briza revitaliza Nós estamos em construção, em edificação Enraizando pilares, na sintaxe de galhos, frutos e ambição Erguendo tijolos, colocando piso e iluminação Capitulando e recapitulando, suando para ficar tranquilão Somos essas máquinas de trabalhar e lutar para poder descansar Mas ninguém tira o nosso sonhar, pois o que nos move é realizar

Ao Som do Cartolar

Só nadamos contra a maré quando percebemos que vamos afogar E aí já pode ser tarde, na maré da desigualdade ou do azar Há também a maré da felicidade, da liberdade e essa eu deixo levar Mas essa, não vendo por preço algum, ao som do Cartolar Sinto um arrepio no assovio da flauta de O Mundo é um Moinho Eu sambo sentado com meu sorriso torto, minha cara de bobo e sozinho As musicas passam e passam, é de se notar num Outono tão frio Chão gelado e eu encarando o Luar, levo pra fora mas no fone de ouvido (...) Deixe-me ir, preciso andar Vou por aí a procurar Rir pra não chorar

Perfumes no Moletom

Mesmo cansado das palavras Não fiz meu voto de silencio Mesmo cansado das amarras Não desfiz os nós por dentro O que eu queria, era dar um tempo Fazer um intervalo e ter hiatos Para que eu pudesse sentir o vento Ser sensato, acalmar o imediato Deixei algumas das poesias de lado Deixei de imaginar e me tornei Deixei algumas fantasias no quarto Deixei as composições e recitei Se tudo virasse canção Não precisaríamos ter as memorias Se tudo tivesse atenção Não contaríamos as piores histórias Nós damos risadas do que já nos entristeceu E choramos de saudade do que foi bom Contamos piadas daquilo que nos enfureceu E brigamos com quem rouba o edredom Sobram perfumes no moletom, peso na consciência e fotos antigas Sobram vontades de não deixar que bobeiras se tornassem intrigas

Antes do Meio do Ano

Viradas de ano e carnavais Até que poderia ser mais Mas a quem estou enganando Se eu não fui feliz? Uma sexta-feira da paixão Para um mero pagão É como o dia do trabalho Para um pais desempregados Independência ou morte Crianças e a santa do norte Cartas para quem partiu E a monarquia não caiu Passam-se os anos Traçam-se os planos E nada sai do lugar Continua girando Quem sou eu pra determinar Se o seu ano foi bom Tudo me parece igual Na continuação desse som ... Que acabou

Estátuas de Sal (final)

Ria da verdade que deslumbra Se reinvente e se algo te perturba Se descubra ou se redescubra Você é responsável pela sua fuga Tudo o que vive, de quem é a culpa, Se tudo o que faz são escolhas suas? Assim como o dedo que aponta É o mesmo que não consegue manter-se sublime E quem paga pelas suas contas É o mesmo que deve pagar por todos seus crimes Repito, tudo o que vive, de quem é a culpa, Da sua paralisia ou do movimento da Lua? Os maremotos vão apagar os faróis Não importa aonde a sua bussola irá indicar Os ventos serão seus algol e atroz Não é nos outros onde conseguirá encontrar O entulho pra muitos, é caro Sua liberdade só acaba na do próximo E o intuito pra muitos, é raro Apenas aceite ou seja seu próprio ópio Torna-se estátua de sal, aquele que olha para trás Quem não segue a diante, não encontrará sua paz

Inverdades

Levantar e acordar é não continuar caído É ir além e superar a própria dor, o a caso ou o próprio a esmo E inerente em si ter a certeza se foi traído Pelo movimento, pela inércia, por alguém ou por você mesmo Não basta conhecer, tem que saber quem é Não tem idade para ser criança ou adulto, o que se tem é espírito Não basta conceder, para crer tem que ter fé Não deixem dizer que tem tempo pra tudo, pois ele não é omisso O mesmo tempo que te cura, te mata O mesmo tempo que ensina, também te faz esquecer O mesmo tempo que você tem, te falta O mesmo tempo que escurece, nos traz o amanhecer No todo, aquilo que nos deixa seguro é a insegurança É tudo tão contraditório entre o perdão e a vingança E somos apaixonados pelas mudanças e constâncias Pois a maior arma contra a traição é a desconfiança Dizem que o louco perdeu a sua razão, mas E quem perdeu tudo menos a razão, o que realmente é? Dizem que o louco conversa com as paredes E ninguém o convidou para conversar ou

Domus

A calmaria dessa garoa fina Disfarça todo desespero As lágrimas não são colírios Para os olhos vermelhos Minha fé não fica estampada No escuro, nos joelhos A Lua controla fases da maré E traz à alma, desapego O farol me tranquiliza É a Terra firme à vista Evidente, indiscutível Serenidade, conquista Os galhos secos se tornam nítidos Sob o brilho de cada estrela A insônia e a vigília são espíritos De minha extrema esquerda Mil anjos e mil demônios Na luta eterna de meu Universo Mil sinônimos e antônimos Não afogam meu ser submerso Em subversão de valores Na descrença sobre suas riquezas Em subversão de valores Na descrença sobre suas belezas O meu sangue corre à cada pulso E assim descansa à cada impulso

Constante Impermanente

Me deparei com minha falta de fé E contando meus passos perdidos Me perdi e antes de chegar ao dez Sabia que teriam muitos sofridos Me reparei em um espelho trincado Eu não sou perfeito, mas não estou rachado Ao contrário de muitos mascarados Que não enganam à ninguém, só ao retrato Enganam a si mesmos e só, só Não conseguem ter a força na voz Nem quando a levantam feroz E ainda tem coragem de dizer Nós Aos alquimistas das palavras que mudaram minhas opiniões Saber ouvir fez eu me sentir melhor e com mais informações O fato de me encontrar já é difícil Imagina o que é me encontrar em alguém Mas não uso isso como precipício E espero que minhas preces digam amém Caminho em pontes de que na hora certa terei a pessoa certa Atravesso trilhas e montes, em curvas e retas e sempre alerta A fé pode voltar com frases de um desconhecido qualquer, na rua No ponto de ônibus ou na mesa de um bar Hoje a minha paciência reina, mas às vezes a ansiedade é ditadora E tenho po

Teias de Vidro

Silencio absoluto da mente inquieta Ouço o pulso, a respiração e sei quais são as portas abertas E eu até tento traçar planos e metas Mas me parece ser superficial e nem tudo segue a linha reta Pois teremos sempre algum imprevisto Quedas e abismos, armadilhas ou esconderijos Independente de qual seja o dinamismo De quais passos sejam dados, nada está escrito Premeditado ou estabelecido, principios Pelo menos é no que eu acredito e reflito

Bastardos de Novelas

Muitos querem aparecer Mas temos poucos holofotes Muitos querem só dormir Mas esse frio é para os fortes Acordamos e está tudo uma bagunça Nas correntezas ao içar velas de mastros Ouço vozes que dizem ser todas Eu São as Cartas e o movimento dos Astros Muitos levantam suas bandeiras e vozes E eu só estou afim de levantar meu copo de vinho Sou uma bussola quebrada, sem direção E eu não estou afim de ir, apenas ficar ressentindo Tento entender meus passos Mas nem sei como anda esse nosso mundo Tento estender os meus laços Mas nem sei me amarrar por um só segundo Nem ao pensar, nos libertamos Somos presos em mentiras E nem ao tentar, nos lideramos Somos servos das mentiras Partes do próximo capítulo já estão nas bancas...

Nova Lista de Canções Tristes

Nosso canto das meditações Com nossos livros intermináveis Nossa nova lista de canções De nossas loucuras indecifráveis Sobre com quem vamos competir E quem vai nos completar A tarde inteira dessas tarjas pretas Os vícios a se contemplar A foça é ter o domínio da fúria Se segurando para não fazer alguma loucura Deixando o sorriso em postura E não tente entender as minhas fechaduras No silencio de dias brados E endiabrado com minhas portas trancadas No sussurro dos alucinados E os alienados já tem suas próprias amarras Eu volto a me distanciar Me reaproximar de mim E eu volto a desacreditar Me desapaixonar, enfim Só volto e não me revolto Já conheço o fim e entendo todos os desapegos Só entorto e já ando torto Não são uns goles que vão mudar meu sossego

Entre manhãs de café forte e noites de vinho barato

Nós já nascemos perdidos Buscando por algum sentido E sozinhos, nos iludimos Nos alimentando de espinhos Preferimos as belezas, as cores e perfumes Paramos pra ouvir os outros e não nos ouvimos Aumentamos o volume e como de costume Não fazemos como planejado, apenas seguimos Quantas vezes eu já quis ir e fiquei sentado Quantas vezes eu não estava naquele mesmo lugar Quantas vezes observei e só fiquei parado Quantas vezes em prantos, eu sorri ao me mascarar Muitas vezes tenho vontade de fugir Mas me lembro que a vida real não é só fracasso Muitas vezes tenho vontade de sumir Mas me lembro que sou o palhaço e não o mágico Muitas vezes eu não consigo dizer nada Querendo explodir palavras pendentes Muitas vezes eu disse que não ia mudar Mas hoje eu sou totalmente diferente Entre manhãs de café forte e noites de vinho barato Cá estou, tentando entender pra que tantos horários

Inóspito Hospício

Ir ou ficar, ser ou estar Se sentir, se sentar, ao ceder ou sedar Sem ter, tentar e testar Ao falar ou calar, cumular ou acumular O lar de meus demônios De meus sinônimos e antôninos Premunição ao contorno E só sabemos quem nós somos Filhos bastardos de deuses pagãos Com cicatrizes feitas de desenho Criaturas, caricaturas da escuridão Ouvimos melhor, apenas vemos É, mas cada um, com o seu único sorriso Na voz perdida em trilhos Onde se arranca suspiro de poucos brilhos Barulho infernal de atritos Minha mente sangra E coloco as minhas mãos nos ouvidos Minha milonga tanga Com guitarras turbulentas sem sentido Não uso mais a desculpa de que o inferno são os outros Pois nunca foram, sempre fui eu o meu próprio monstro

Serena (parte 2)

O mundo inteiro sumiu E o meu olhar despiu sua alma dócil Não me lembro de quando se despediu Mas sei que as correntezas do rio Nos redirecionaram em assobio Sem pássaros, arrepio sem frio Foste o desafio mais gentil Que o Universo me presenteou fora do covil Longe de tudo que fugiu e perto de tudo que partiu Alimentados pelo sonho que nos uniu Mistificamos constelações que juntos, nenhum de nós viu Mas essa noite logo irá chegar e serão mais de mil...

Hipnos

Recebemos o sono para sonhar Ter pesadelos ou descansar Percebemos que o erro é linear Nada perfeito e sim circular O corpo que não se movimenta A mente superada lamenta O espírito que voa, então venta A visão turva experimenta A Luz de uma simples prece E sua fé, que não desaparece

Chamaleão

Me irrita o ato de quem observa o esboço E critica meus rabiscos Não é só por o lápis no papel e está pronto É muito mais que isso! Não dá pra obter resultados diferentes Quando você faz tudo igual É loucura, frase de Eistein e sua mente Não nas paredes do hospital Poucos vão entender todas as sua referencias Só aqueles que convivem contigo Eles comercializam nomes por sua existência E colocam a resistência em perigo É, são as ciências anti-sociais Às vezes sinto a falta de chamar alguém de lar São as crenças, somos banais Há laços sem nós ou só cordas pra se enforcar Mas aí, eu vou ou você vem morar aqui? Quero cordas novas pra tocar Ou quem de nós será o primeiro a partir? Quero guerras novas pra focar Espera, nem sombreei os pés na areia Espera, nem pintei o céu de Lua cheia

Apólogos de um Vagamundo

Não sou telepata Não entendo a mente humana Muito menos a minha Não sou acrobata Não me equilibro muito bem Muito menos na guia Não uso gravata Não me arrumo muito pra sair E tenho péssima caligrafia E eu não sou entusiasta Nem pirata ou cineasta condecorado Sou soldado de tropa vencida Espero que algum dia Zeus jogue o seu trovão Acerte meu peito refletindo em meus braços abertos Que meus olhos brilhem mais do que escuridão De sorriso maquiavélico, que possa ser mais honesto Um sarcasmo de Fausto, apócrifos e sintéticos Enganando Deus e o Demônio em formato poético Em meio à escravidão mental do que é patético Me sinto cético, mas me prendo à mitos esotéricos Jogo as lascas, jogo os fardos Garimpo relíquias de brechó ou bazar Jogo as cartas, jogos os dardos Lanço a sorte e não quero receber azar

Dei-me-ti (seu calor)

Estrela com olhar de constelação Diga que será minha liberdade Supere e se infinite de proporção Diga que se fará de intensidade E penteie minha barba com as suas mãos Diga-me maldades com suavidades Com carinho o pescoço cheio de arranhão Diga-me verdades com habilidades Na delicadeza de um sopro aos ouvidos E eu tenho me referido ao seu gemido Coração deferido de dois desconhecidos Ao bom som, sou mais um destemido Mas não arrependido de aventuras e da busca Hostil, sombrio e aberto ao arrepio Incógnita, das esculturas barrocas ou robustas Suas poesias preenchem meu vazio Estado civil, febril As janelas se fecham e param de ventar O frio se foi, tardio Mas dizem que nunca é tarde pra tentar De tanta ansiedade Voamos tão longe para tocarmos o Universo Mas tranquilidade Eu não vou deixar o nosso tesouro submerso

Bulevar

Aqui, Bem aqui Onde (...) A diferença entre um dia de Luz e um de Escuridão São os passos que se dão, de valor ou em vão Com ou sem direção, pés descalços e o frio do chão As mãos nas grades da janela à sua observação Passamos dias de confusão e geralmente eu me pego distraído Eu tive pesadelos horríveis e acordei paranoico Tudo que vinha e ia, já tinha acontecido ou já estava destruído Eramos receios de existência, recheios heroicos Guerras de ego não levam ninguém à vitória Nada aos próprios olhos e a transformação para o mundo Guerras internas não escolhem uma trajetória Nada ao próprio ser interior, mas uma explosão ao mundo Em estações do ano, somos árvores em desenvolvimento Não será sempre que daremos frutos Mas também não é tudo sempre de força ou de sofrimento Apesar da solidão livre como escudo Mas eles já nos conhecem Sorrimos mascaradamente com folhas de primavera Mas eles já nos conhecem Choramos com as folhas de outono, como se espera

Jardim de Rosas e um Céu Azul

Procurando errado Fazendo prosa Quem planta cacto Não colhe rosa Mas apesar dos espinhos Eu prefiro mais do que as margaridas Entre perfumes e desafios As belezas que não estão escondidas Elas se vão Enfim, mas além de eu ter minhas preferidas Elas se vão E me fizeram acostumar com as despedidas É, e nas mais queridas feridas Eu me acostumei que tudo cicatriza O tempo homicida nos ensina Que nós estamos sempre de partida Vai Verão e vem Outono E assim, no ciclo, logo vem o Inverno e a Primavera Entre a insônia e o sono A espera se transforma em quimera ou em atmosfera E eu volto a sonhar com aquele céu azul Estranhamente, desnorteando para o Sul

Entre Infames Romances e Notícias Populares

Vivemos entre os infames romances e notícias populares Mas a sua missão não é ser grande e sim de somar junto aos bilhares Bares de esquina, igrejas, centros, praças e outros lugares Teu ego te faz cego ao seu redor e te encarrega ao centro dos olhares Muitos querem ser maiores do que aquilo que pregam Mas há uma diferença enorme entre palavras e atos, muito banal No fundo se acham o novo messias, então se entregam Jogam as suas merdas faladas em ventiladores, em rede nacional Se matar e roubar é pecado, por que continuam? Vivem da gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e soberba Se fortalecem da pobreza e por que continuam? Pregam a humildade, mas humilham com a máscara da nobreza Queria muito estar escrevendo uma poesia de amor Pelo menos Mas as vezes a fúria me consome com o pior sabor Do veneno

Crusca

E esse perfume que chega junto ao som Nas imagens, na memória do que ainda não existe E esse ambiente transtornado, transitório Transformando as conversas antigas no que reside O que era comodo, cheio de ideias tortas Agora é simplesmente insignificante Na verdade, creio que nada mais importa Além da espera de um novo instante Na pressa de que o tempo não passe Futuras fotos na estante e gavetas de meias abertas Na pressa de que o tempo não passe Aquecidos no lençol de suor e no chão, as cobertas Quero não procurar mais E quero pertencer mais Quero nunca perder, mas Eu quero proteger mais Então, mudam-se as formulas e os formatos da manifestação (Patético) O que nunca muda é essa eterna explosão de infinta munição (Romântico)

Semita (O que te falta?)

O possível homem livre Apesar da escuridão, esperançoso Em frente ao que oprime Ele enfrenta ao tornar-se corajoso Meu Deus, me dê forças Para suportar toda minha fúria Onde o silencio repousa E minha mente usará a astucia O possível homem grande Apesar de toda escuridão, que sabe tem que usar Almas nas costas, ofegante Lamenta não poder se redimir ou poder se salvar Meu Deus, não há perdão Para suportar toda minha loucura O mármore d'uma canção E o fogo do inferno é mera tortura Um homem na encruzilhada Sabe que perderá tudo oque terá no caminho que não escolher Entre uma caneta e a navalha Sabe que perderá tudo oque terá no caminho que não escolher E é aqui onde os traços a lapidar tomarão as suas formas Remonto minha cabeça e sobram parafusos sem reforma "O que faço? O que falta?"

Peixes (parte 2)

Não desista de sofrer Pois vale a pena E medos, são cautelas Não problemas Difícil é aceitar qualquer carma Destino que nos desarma Difícil é aceitar qualquer marca Que não cicatriza na vala As sarjetas da vida Orquestra sem sinfonia Cores sem poesias A mágica sem maestria Fiz canções e poemas que poderiam levar seu nome Mas transformei em signos, símbolos e demônios Alguns eu expulsei e outros foram meu inferno astral Alguns eu tatuei e outros eu encontrei nos sonhos

Sou Agora (O retorno pra Casa)

Sou agora, a cama vazia Na saudade dos corpos que me abitavam E se enchiam inteiramente de vida Sou agora, a musica antiga Na esperança dos que ainda relembram Em coro distante, sem melodia Sou agora, a cidade horizonte Na noite, com as luzes bem longe como pintura Em um sopro de velhas fantasias Pela janela ao som do carro A Playlist que fiz pra essa viagem solitária Onde a fadiga obriga e abriga Desejos de voltar atrás Não são raros quando se para pra pensar No que se perdeu, no que eu tinha Sabe... voltei a ver as velhas séries A comprar novos livros e procurar novas bandas estranhas Voltei com meus alicerces e vigas Sou agora, o retorno pra casa Em dias de Sol ou Chuva, Luz ou Trevas Meu violão ainda cria (...)

Entre o Carma e a Calma

Eu gosto do céu Não só no por do Sol, no horizonte da cidade Eu gosto do mar Do desconhecido e de suas eternas novidades Eu gosto das ruas Poucas luzes de sua complicada simplicidade Eu gosto do mato Longe de tudo, perto do mundo e curiosidades Eu gosto do platônico Em dias frustrantes de poucas inspiração E eu gosto do irônico Em meus dias claustros, pouca respiração O caos sou eu Faço disso um exorcismo poético E a paz sou eu Faço disso um exercício exotérico Pois tenho dias bons e ruins Entre o Carma e a Calma E de todas historias sem fim Encontro o preço da Alma E até entendo porque muitos a vendem...

Peixes

Não é o aquário, mas sim o que temos dentro dele Um dia importante é só uma data a mais Não somos corpos, nós somos universos e átomos Na inconstante busca por liberdade e paz O que devemos fazer, O que queremos ser, ou, a quem precisamos nos unir? O que devemos fazer, O que queremos ver ou do que precisamos nos suprir? São as questões que nos movem Mas são as respostas que nos param São correntezas que nos movem Mas são correntes que nos libertam E eu sei que isso parece ser um pouco contraditório Mas o que na vida não é? Uma autonomia solitária, as canções sem repertório Ou aquilo que nos traz fé? A fé... Pode ser um simples sorriso nas palavras que vêm de longe Qual a presença que nós sempre procuramos? Pode ser aquele feixe de luz que nasce e morre no horizonte Mas e nós, onde é que nós nos encontramos?

Semântica

O ópio pode abrir sua mente Ou te libertar de toda a realidade N'ativa, presente ou ausente Religiosidade ou espiritualidade E ninguém é o que acredita ser Somos livros e quadros a sermos interpretados Do modo que o próximo nos ler De comédia, drama, terror, romance e abstrato E por isso, não julguem o livro pela capa Experimentem e o conjuguem pela alma

O Terminal e a Simetria

Ouvimos tantas vezes A mesma musica diferente Como se um clipe acontecesse Na mesma rua, no mesmo fone escuro Lemos a mesma poesia Que escrevemos para nós mesmo Há alguns anos atrás Pra esse ser do presente, futuro O cara que eu sempre quis ser se foi Estava com pressa E viajou pra qualquer lugar Pulou do muro O quadro personificou Muito mais do que o olhar captou A fotografia eternizou Muito mais do que eu calculo Perdemos tanto tempo Ou foi tudo um aprendizado? Na verdade, será que ainda dá tempo De alcançar aquele maluco?

Bem Aventurada seja a nossa Fé

Um monte de poesia jogada na parede da alma Vandalismo pichado, fixado nos olhos Os timbres, os graves deixam o silencio entrar Buscamos o sorriso que seja um colo A saudade e o novo nos inspiram ao seu modo Em diferentes canções e pinturas Imitamos horizontes e estradas, porradas e socos Indiferente de atrações e aventuras Nós não nos limitamos muito, só que nós temos limites Mas a fé é essa força dentro de nós, que sempre insiste Se não tivesse dado tantas vezes errado Acredito que eu não fosse querer tanto que desse certo Como mais um desses quadros abstratos Tentamos, mas interpretamos diferente cada ponto cego Bem aventurada seja a nossa Fé Independente de onde ela vier...

Escoteiro

De tanto ouvir Fiquei surdo De tanto falar Me fiz mudo Mas de tanto observar Eu nunca imaginei que ficaria cego E é sério, não enxergar No quarto colorido, eu pisando em legos É assim, tudo é ópio Todos se drogando do que é óbvio Um mundo insóbrio No meio dos instrumentos, o solo O que sobressai São esses momentos solitários, de paz Escuridão eficaz Pois na multidão, todos são um a mais Não que eu ame ficar só Mas às vezes precisamos de espaço Pra explodir, desatar nós E refazer com o Universo, esse laço Mas logo eu volto Pra sorrir e chorar com vocês E logo me revolto Pra sorrir e chorar com vocês Pode até parecer regressão Mas o recomeço é a solução Pode até parecer regressão Mas é um recomeço

Dissociante

Minha energia está furiosa E faço preces de - que um mantra me acalme Minha luz não passa pela porta E peço amarras para que minha mão não te cale Esse ciclo vicioso de Marte em meu mapa Me deixa em constante declínio Na esperança de um herói, com ou sem capa Que me salve desse precipício De onde acabei de saltar...

3h35 (Fila Des-harmônica)

Tem sido mais fácil acordar em toda madrugada E acreditar que nada disso foi em vão Que o destino é uma opção Só tem sido difícil entender De quanto passos precisa para um espaço Queria continuar a tropeçar amarrando nossos cardaços Tem sido mais fácil deixar tudo em perfeita simetria Aquele transtorno obsessivo compulsivo Solidão dançante, me dê motivo Ouvindo Tim Maia, foi jogo sujo Agora é tarde, não tem mais jeito, o teu defeito Não tem perdão, eu vou a luta que a vida é curta, não vale a pena (...) Sofrer em vão

Uni-Versar

Muitos argumentam com religião E outros com teorias da relatividade Mas entre o Big Bang e o Gênesis Fico com teorias do que é gravidade Fazemos planos de ter um futuro bom Mas como está o nosso presente? Dentro do embrulho, surpresa, cupons O olhar d'um poeta ao Sol poente Só entende o brilho quem uni-versa suas estrelas Transforma suas paixões em cosmos Só entende o brilho quem uni-versa suas estrelas Transborda suas paixões em corpos Muitos argumentam com reflexão E outros com teorias de particularidades Mas entre um silencio e a canção Eu fico com o grave de onde a brisa bate E nós queremos ser melhores que os covardes Mas como está sua presença? Com medo de morrer e pressa que o dia acabe Sua mente entra em desavença Só entende o brilho quem uni-versa suas estrelas Transforma suas paixões em cosmos Só entende o brilho quem uni-versa suas estrelas Transborda suas paixões em corpos (...) Só entende o Universo

Dizimistas e Dizimados

Será que um dia entenderemos O porque de cometermos sempre os mesmos erros? Será que um dia acordaremos Desse sonho, que mais parece o pior dos pesadelos? Toda essa fragilidade exposta Um anseio de sair de leis impostas E toda pergunta sem resposta Em pesos nos ombros e nas costas Quem desistiu de viver já deve estar em paz a essas horas...

Herói do Sorriso

Uma árvore que tem as suas raízes fortes como correntes Não se defenderá de machados ou serras Mas se ainda portar essas raízes, ela crescerá novamente Dependerá de paciência e não de guerras Eis o homem bom, que amarra uma corda no galho Num balanço pras crianças que sonham Antes ele era chamado de brincalhão ou de pirralho Hoje é pai e não soldado aos que cantam Ainda assim, um herói ao sorriso...

Castanhos (parte 2)

Somos as loucuras dos dias quentes Somos o aconchego dos dias frios Somos o sabor do ópio entorpecente E somos o som das águas nos rios É, mas não somos o toque Somos horizontes Nós não somos os bosques Somos os montes O vento silencioso que te traz calafrios O ranger dos móveis em meio ao silencio O que ecoa e reverbera dentro do vazio A consciência que te liberta do bom senso É preciso cair e é preciso mudar as direções É preciso sair e é preciso surtar suas orações A vida vai te obrigar a ver as coisas por outro ângulo Não se irrite e aproveite as portas abertas A sua mente quer ver além de quadrados e retângulos Tende e pende a mais figuras geométricas Depende de você mudar e evoluir Não é só andar na contramão E sim, moldar estratégias ao fluir O diferente em determinação E então seja a leve brisa que vento leva Toque os braços abertos de quem espera

Chamas(Se)

Falam de cor e decoram Frases e poemas de amor E em cartazes colocam Sopa de letras sem sabor O que eu digo é verdade Deixei queimar sem inflamar De que vale essa liberdade Se não se tem com que ficar? Então é só me chamar Me perguntar se hoje nós vamos sair E se esse tempo fechar Vou te chamar pra ver um filme aqui Falam de um samba das ruas Caixa de fósforo sem cavaco A conversa já passou das duas Já perdemos foco e o cansaço O que eu digo é verdade Gosto de músicas que ninguém gosta Fazem caras de atrocidade Mas que bom que tu sempre encosta Então é só me chamar Me perguntar se hoje nós vamos sair E se esse tempo fechar Vou te chamar pra ver um filme aqui

Novos Ortodoxos

A Luz gera Escuridão Mas a nossa Escuridão nunca irá gerar a Luz Reflexos na imensidão Podem ser facilmente apagados ao que se conduz Um Jesus de capuz Pediu a divisão do pão e você simplesmente disse - Não Um Jesus de capuz Poderia ter te dado um sermão, mas já conhecia o seu coração Vocês são alienados As portas poderão ser abertas para um mundo novo aos seus filhos E vocês estão preocupados Com a imagem da família, esquecendo uma arma na gaveta em gatilho O erro está no ópio que os cega Os que abrem sua mente, vocês nem experimentaram Há um medo ao novo que agrega Conservem o amor e mudem as tradições que os tentaram Abram-se ao novo, o mundo está em evolução Deixem de ser ortodoxos e parem de fingir que são a renovação Vocês são saudosistas sem respostas à questão De que vale perguntar, se qualquer resposta gera uma interpretação? Vocês mentem a si mesmo!

Nômade dos Pilares

O que se leva são riquezas Mas de um modo que nunca observamos Nem ouros e nem amores A sua saudade não fará parte desse plano Deixo-me ao ritmo da canção Quando dividimos, multiplicamos Uma sabedoria em evolução Foi tudo o que sempre precisamos Os nossos olhares são errantes Acreditamos não ser, nós sonhamos E as variantes são importantes Acreditamos não ser, mas andamos Nossos olhos nos enganam Não tente entender seus amores ou suas conexões Nossos espíritos emanam Não tente entender as variantes, viva suas frações Somos a soma de tudo isso Fazemos parte da ascensão e do precipício Somos a soma de tudo isso Sendo os alicerces e as janelas do edifício É, mas nós gostamos de olhar lá de cima À observar o horizonte e absorver o clima