Eu já posso guiar minha bike sem as mãos Respirar de braços abertos sem ter direção Sentir os ventos e a adrenalina no coração Dá até pra fazer uma poesia ou uma canção Observar as árvores, pássaros e gramas Depois voltar sem preocupação ao meu quarto, cama Ligar o rádio no hip-hop, rock ou samba Deixar falar, as frases interpretáveis de quem me ama Acordar apenas pensando no futebol Pipa, peão, corrida ou no sol Fantasmas e olhos furados num lençol Festejar um fim de semana só Pés descalços, sujos de asfalto de terra e mato Pular o muro da casa da minha vó, que já nem é mais alto Me imaginar o herói salvando ela de um assalto Fazendo desenhos em papéis que tinham sido amassados Almoçar, deitar, cochilar no sofá Até vir a sonhar, voar e acreditar Então acordo nos dias de hoje e já estou careca É bem péssimo saber que não existe mais aquela época O despertador atrasou, entrou em modo soneca Disparo da cama, corro, capoto e tropeço na hipoteca Já não sou mais