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Mostrando postagens de 2014

Sarau, Luau e Litoral

E precocemente morre a poesia amassada Dentro da frase deletada A criança vai aos céus sem uma caminhada Sem uma historia contada Pai é quem cria e pela Morte ela foi adotada Foi pelo Destino, levada O corpo é rito de passagem e ela foi sorteada A não sofrer na jornada Assim Tira toda a poeira do chão em vão, pois não limpa os seus móveis Assim Vai até o mar se perguntar de onde vêm as lágrimas de um homem De onde vem eu também não sei Mas é aqui o seu destino final E nas dores que em amores se fez Elas vêm parar aqui, no Litoral Em todas as festas da virada, de ano, de jogo Não coloque a mão e nem brinque com o fogo...

Frago

A sabaticidade do começo de ano para alguns A simplicidade no olhar do rapaz comum Boêmia que na roça se traduz aos vagabundos E para a poesia é a inveja de todo mundo

Ouço mil vozes

O amor em muitas vezes A amortecer e em outras a amordaçar O perdão a doer ou a doar Ao pedir em oração, talvez a alcançar Desatando todos os nós em laços Eu apaguei a luz que havia na imensidão Devastando toda raiz do fracasso Percebi que eu nunca caminhei em vão Do outro lado da escrita  Mais um Universo inacabado Do outro lado da poesia Mais um coração despedaçado Ouço mil vozes Cada uma com mil histórias pra contar Ouço mil vozes Cada uma com mil músicas pra cantar

Vésperas

Nem sempre odeio a tradição Receio, tradução O rodeio, o recreio em reação Toda ressurreição  Vésperas de comemoração Feriados, fração E é legal toda essa alegação Adeus delegação Vamos pra casa em oração Achando que estaremos longe de toda maldição Vamos pra casa fazer a lição Esperando qualquer rádio tocar a nossa canção Ou de frente pra televisão Ver agradecimentos de quem ganhou a eleição O melhor romance ou ação Ou até de quem mentiu melhor pra essa nação Sem pressa pela revolução Cheio de vendas à evolução

Vanescer

Minha bagunça organizada Um puro plural Conforme já foi informada Sem muros, mural Nosso antigo carnaval em fotos Coração enorme de ficção Nossos sorrisos e outros corpos Sem nomes e sem feição Eu saio de casa em direção à Heartbreak Hotel Pensando e observando o brilho da Lua no céu

Sei lá...

O que trago pro pulmão Pra mente, pro coração O que trago como lição Lacunas nunca em vão Que se vão Em cicatrizes da imensidão Que se não Meras lágrimas de indecisão Uma força sobrenatural da mente sobre o corpo Os pesadelos e os sonhos, os vultos e os rostos Um samba pro sábado O dormir do domingo Em torno dos tornados As feras e os feridos Já é quase Segunda de novo E já é quase Janeiro de novo Sei lá... Só sei que sei lá!

Apenas Só, Carrasco de Nós

As dores e os odores do mundo Imundo, confundindo valores e horrores As cores e as flores do moribundo O vagabundo, seus amores sem sabores Tudo passa, mas o que ficam são as pegadas Ou os rastros O que deixam talvez seja apenas só, os restos Os estilhaços Tudo pode ser horizonte Até mesmo observado na vertical dos astros Tudo parece ser distante No Universo, Lua, ventos, marés e mastros E o eco do silencio O ego do momento E é apenas só Digno de dó Voltando ao pó Garganta, nó E nós, esperando A peça que ligue nosso quebra cabeça E nós, esperando Dentro de nossa maior força, a crença É apenas só Quase em voz O meu algoz Desapego a sós

Penumbra

O vazio é uma lacuna ao pesadelo É um calor junto ao medo Dentro da nascente de todo desejo Ouço o sussurro do vento A gravidade interminável Em uma imensa escuridão Onde tudo se é intocável Abro os olhos sem direção Um suor e as mãos no peito Agora fora da causa e efeito

Mohandas

Chuvas e tempestades Secas e devastações De impérios e aldeães Cemitérios e religiões Regiões afetadas pela ganancia E as crianças que morrem antes da sua infância Depois da tempestade, a bonança Então esperando pelo Apocalipse com confiança De que toda maldade descansará em paz E nós poderemos ter a nossa e muito mais

Você não está só

A alma de um homem Tenta dizer o que em vida ele não disse Vem, aparece e some Tenta e assombra sem que conseguisse Que alguém o visse ou o ouvisse E na sua frente sem que acredite Balança a cabeça e diz que não é verdade Impede a alma de ter sua liberdade Se tranca sob as cobertas da peculiaridade Se protege dentro da mediocridade O pior cego é aquele que finge não ver Não se abre ao mediúnico, ter e não crer Relaxe a sua mente Receba o dom que lhe foi doado É tudo tão diferente Realmente, mas deixe ser guiado Deixe estar ao que veio apenas para te ajudar Voz que te fará caminhar, realizar e concretizar

(Des)Ambíguo

Nós sempre estamos em busca de algo que nos complete A procura de algo que nos infecte e em afeto nos afete Como uma roupa que te veste ou um sonho que se investe Mas em setenta vezes sete na perfeição de que se erre Algo nos impede de encontrar encaixes desse quebra-cabeça Mas não vamos parar até que a fé vença e a crença prevaleça

Torá

Cansados do mesmo Nós vemos novidades em Museus E a tudo que podemos Temos os termos entre Zeus e Deus Um tratado de Paz de Romanos e Fariseus Um respeito nas crenças dos religiosos e dos ateus Um dia utópico que ninguém me Prometeu E dentro dos olhares, quem são os outros e os seus Um dia utópico sobre haver o respeito Um sonho sem pronome e sem sujeito

Týr

A mão dentro da boca de um feroz Lobo É a palavra, a promessa de que terá a sua liberdade A mão dentro das chamas do voraz Fogo Não garante que o outro, esteja contigo em verdade

Soldado de Jorge

No espelho está o ego ou o que poderá ser mudado Ato incontrolável ao que pode ser moldado O corpo dói ao que foi doado, descanso ao soldado Suas pernas e seus braços, o ombro fardado Quem carregou o peso do mundo nas costas Proposta imposta à mente nunca oposta Era o sonho por medalhas, agora de sua volta Sabe o que perdeu e o que todo dia adota Não se revolta, mas o seu retorno é um grande tumulto Sobre outros ombros, desce a bandeira junto ao tumulo Herói de guerra junto à Lua Trocou algumas vidas pela sua E de lá observa a antiga rua Deixando o ciclo que continua Está ao lado Jorge, seu protetor, que veio e o recrutou Contra os dragões, demônios que ele também derrotou

Colher o Dia e Plantar, Implantar o Carpe Diem

Um discurso rançoso E eu nunca ansioso pro final, Nessas estações sem carnaval, No bar dos Bardos, afinal As poesias de boteco Assombram o ego de seu sinal O que pode ter se resolvido no eco do aval, Não em vão, talvez acidental Sempre a mesma coisa, Nessa era do que antes fosse Eu vejo velharias feitas para hoje E novidades feitas para ontem Pessoas longe de seu tempo, Vai de ansiedade, insanidade à ancianidade De toda diversidade, novidade e antiguidade, Extinções dentro de nossa raridade, nossa realidade Entre saudosistas e futuristas, Vivendo apenas o meu momento Esperando e deixando, tudo a seu tempo Como abrir os braços pra chuva ou pro vento A brisa não avisa, ameniza, Prioriza estar longe da hipocrisia Preocupar-se com a própria vida Pegar a curva, o retorno, a saída Somos insetos dentro do Universo Mas nunca infectos ao manifesto...

REM

Em uma gravidade continua Alguém tenta falar E o corpo parece que flutua No ato de paralisar Um fantasma, um vulto Ao me observar em culto E a mente sofre o surto Toda raiz de nosso fruto Foram apenas alguns segundos Até poder voltar ao meu mundo

Charlie

Frio na espinha Explosão de adrenalina Raciocínio ilógico Infecto de morfina Sem ter afetado a retina Inoportuno ao código Devaneio à luz divina A Lua atrás dessa neblina Solidão, solo, sólido A névoa da esquina Que vem até minha cortina Infortuno ao óbvio Na estrada da rotina Uma nova história se escrevia Sobre amor e ódio Não vi o fim Vi a continuação E ouvi a canção Consegui dormir ao ninar

Teatro do Infinito

Há o peso em meus ombros Os meus fantasmas Meus demônios e monstros Respiração e asma O carma encadeado Físico, moral, espiritual O carma enterrado Não encerrado ao astral Ainda cheio de ciclos Ainda cheio de riscos

2,47

Através das nuvens A Lua E atravessa o corpo A chuva Os braços se abrem ao receber As preces do que eu espero acontecer Os olhos se fecham a entender De que não é só pedir, tens que fazer É sonhar acordado, mas em ação Não cantar calado, minha canção

E a Luz se Fez

Em pacto Eis a causa do impacto Eis o fato Eis o meu terceiro ato O primeiro é o de chegar O segundo é te cumprimentar O terceira é só esse traçar E o quarto, é a sua alma levar Se não se importa o como cresça E o como aconteça O tanto que estará sobre cabeças Mas não se esqueça A qualquer hora O seu espirito, eu terei A começar agora Pois a sua alma, levarei

Inseto Isento

Vai fazer ou deixar o tempo trazer O clichê de amortecer ou o amor tecer Ao escolher ou deixar acontecer Percorrer ao ato andar ou ao de correr No decorrer dos segundos, minutos Dias e meses Anos luz, séculos lunares, luto e vulto Aqui, às vezes Na maior parte, em sonhos Esperando o dia chegar Não em sonos, eu suponho É na visão de acreditar Olhos abertos Ao que será descoberto Livros abertos Na biografia do incerto Do inseto ao universo

A Abstração

Esculturas de arames De entulhos e lixos Vendidos às madames Em forma de bichos Árvores de latas Quadros sem sentido Altar que relata A abstração do vivido De sua visão, em outros olhares De aqui, estar em outros lugares

Última Página

É difícil aceitar que duvida liberta Dispersa, atravessa e deixa nossa mente muito mais aberta Às novas descobertas, novas eras Quando sua mira não acerta e se entende melhor as regras Que o ciclo é só mais uma visão velha De que há destinos distintos até mesmo para as pedras Mas nem o autor sabe o fim da novela Quem batizou com nome o criador a quem tudo impera Era um João ninguém Que também não sabia dizer amém Mas enxergava além Do que está pra chegar e ainda vem O Fim...

Sorriso Crespo

Corpo de violão E o gingado de cavaco Faz todo forte Sentir-se homem fraco Cabelos fora do contexto De todos esses comerciais lisos Faz de seus passos crespos Devaneios dentro de seu sorriso Diz sempre que esses otários não mudam o conceito Que só pensam em bunda e peito Diz de suas tristezas profundas, que só quer respeito Então vem e se junta ao que eu vejo Os seus olhos e seus segredos Apenas me deixam sem jeito E me deixam aqui, escrevendo Descrevendo, você ao vento Seu samba paralisado Só nos jogos de visões, tentando o disfarce Em sua face, alucinado Eu e meus atos mentais cheios de impasses O que será que ela dirá?

Angra dos Sonos

Em muitas teorias Frases de melhorias Do que melhoraria Ou o que aconteceria E são cofres cheios de recheios Omissões e segredos sem freio Eles pegam da Terra O que ela, um dia pegará de volta Fazem suas guerras E mais um dos soldados se revolta "Nada em sua tela é verdade Todos os seus heróis são meros covardes Fazem da oposição, maldade E quando for abrir os olhos, já será tarde" E são cofres cheios de recheios Omissões e segredos sem freio

Universo no Lápis

No Universo da Criação Há vários mundos No Universo do Tempo Há vários segundos No Universo da Canção Há vários submundos No Universo da Omissão Vários seres imundos No Universo da Submissão Nenhum desejo a se cumprir No Universo da sua Missão Nenhum segredo a te suprir No Universo dos caminhos Várias estradas esburacadas No Universo dos destinos Várias linhas foram traçadas No Universo dos Loucos Uma Linha foi retraçada, retalhada No Universo dos Poucos Uma Linda foi retardada, retratada Só que no Universo dos Universos Há lugares onde nunca visitei E no Universo que reúne os versos Há rabiscos que eu desenhei

Síntese Sintética, Prece Poética

No início era só Escuridão Hoje infectada pela Luz O silencio se faz imensidão Esconde a face no capuz Te disseram que a Luz era o bem E o anjo vindo dela nos odeia O que corre na veia e no peito tem É essa ceia do que nos rodeia Ainda espero a verdade me libertar Foda-se o que dizem dessas poesias Em liberdade poética do que recitar Foda-se o que dizem dessas teorias Ainda faço o que sinto Conciso, sucinto Ainda falho, não minto Conflito, convicto Ainda humano em dores do espírito e da alma Fecho os olhos e durmo Sempre em busca da cura dessa fúria na calma E eu assumo, não sumo

Homem de Lata (parte 3)

Não quis ouvir mais nada Deitei ao som de minha rádio pirata Em versão aleatória, pirada Em aversão ao nó que não se desata Ao nós que tentei deixar pra trás Só para tentar viver, dormir em paz Mas não é desse jeito que se faz E como fazer, se não aguento mais? E eu até que já passei por essa circuncisão antes A cauterização e a cicatrização, ninguém garante E o ditado vem e diz Antes só, do que mal acompanhado Não interessa, eu fiz E tenho essa face e o olhar fechado Com o peito enjaulado Com o coração enlatado E o diabo vem e diz Antes só, do que mal acompanhado Não interessa, eu fiz E tenho essa face e o olhar fechado

Há Dias, nada a Adiar (Deix'estar)

A tela que vejo dentro do caminho noturno Tem pouca luz, mas muito brilho Distantes e horizontes, sinônimos de futuro E o meu tempo que já foi escrito Não destino e sim história Não fictício e sim memória O que vem depois, talvez nem seu Deus saiba Se não, não existiria o julgamento ou o livre arbítrio Se fosse tudo programado, não existiriam balas Entre verdades e mentiras, o omisso, ócios e ofícios De todo o desiquilíbrio, os braços abertos pra receber a chuva O meu olhar fixo e minha respiração que se curva à luz da Lua A noite não dura Mas me traz o descanso e o meu forte dorme Apenas me cura A luz da manhã chega e agora acorde homem Para novos acordes, novas criações Ideias, poesias, desenhos e canções

Teatro de Meias nas Mão

O peso preso É um terço grego O olhar vesgo Ao falar pra leigo Esse não é o jeito Filmado em branco e preto Esse é teu peito Blindado ao brando e leito Tempestade de ventos O trato foi feito De tempos em tempos Um pacto eleito Quem nasceu sem ter alma pra vender Sem vida pra perder Morreu sem uma família pra interceder Sem firma pra ceder As cortinas abriram e fecharam E tu nem foi coadjuvante As cortinas abriram e fecharam E tu foi apenas figurante

Ramon

Falso manifesto Cegos a todo protesto Mudos ao gesto Não mudo, não presto E se fico só assistindo E se fico só ouvindo É porque não acredito Porque paro e reflito Ainda não mudei pouco Para poder mudar muito Ainda prefiro ser louco Do que mudar o mundo Não mudei a mim mesmo...

Três HK

Algumas culturas te fazem pensar Outras, te fazem rebolar Mas todas merecem respeito É logico que algumas vendem mais Como um analgésico eficaz Blindado dentro da causa e feito Algumas linhas de bases e graves Poesias pintadas de aves Três HK ao pronome do sujeito

Co(o)Missão

Casa da Paz Repouso de reflexão Longe de toda destruição Cada ligação externa Confuso mundo de perfeição Sempre em reconstrução De vasta devastação O céu chora sua escuridão Desata o que desmata a fração Casa do Caos Renomeado pelos pagãos Abortados pela nação “Nascidos de outra Maria E não a nossa” Eles dizem

Homem de Lata (parte 2)

Minhas conquistas não são por onde passei Mas sim, os corações que conquistei E nas mentes em que eu fiquei Os olhares que deixei E não é por ouro ou prata Que escondo bem no meio da mata É o reconhecimento que esse homem de lata Acelera, na sexta engata e dá adeus à mais ingrata... Eu que um dia pedi coração, não quero mais!

D'oito

Tu não cresce quando esquece a toalha Percebe que se cortou com a navalha E acha que já saiu de casa Mas sempre volta pro arroz e feijão Queijo derretido e macarrão Ou volta correndo pra colocar a ração Tu não cresce, mas a mente evolui O pensamento flui, começa e conclui Sempre atribui, mas nunca diminui Tu não percebe, mas somos tão pequenos Que nem vemos que no tamanho do Universo Não há muita diferença entre nós e o inseto A nossa alma sim, essa cresce e se expande E há quem se espante, meros figurantes Talvez coadjuvante e nós, sempre adiante

Leto

Palmos e léguas Ofuscado em nevoas Escuridão, trevas E pedras dessa selva Na cruz de giz Vamos do paraíso ao inferno Na luz que diz Depois do fim, vem o eterno Sem mapas E sem aspas Escravo urbano Por mais de trezentos dias por ano Está sangrando E quem é o verdadeiro malandro? A salvação não pode ser a morte Pois a canção é o nosso ponto forte A atração está na busca por sorte Pois a ração foi jogada sem o norte A saudade nos prenderá E a verdade nos libertará

Violão e Montanha

A poesia por si só Do instrumento A fantasia sem voz De seu alimento A imaginação A inspiração A canção A ficção A ação A reação A atração A indagação A observação A transpiração A respiração A abdução E sua hábil indução Assimétrica na fração Frases perdidas na narração Desenha-se a montanha da nação Sem Pôr-do-sol, por mera interpretação Já no alto, sobe e desce várias vezes sem opção Desdenha-se; Olá...

(In)Justa (Im)Posição

Com paixão Com dolência Com dição  Com vivência  Não precisa juntar  Para explicar Não precisa mudar Para expressar Interpretar a lágrima Assim, adicionar adeus Na emoção máxima De quem nunca foi seu Quem é que leva? E para onde se vai? Viver em trevas? Ou morrer em paz?

A Voracidade pela Liberdade

A inspiração é um presente de nosso Deus interior O que nós simplesmente entregamos aos outros E a atenção, é o único ato que desejamos em troco Ao mostrar anjos e demônios, santos e monstros E no groove da batida O rapper e a sua rima Nos passos da passista O sorriso do sambista O free hand na pele, na parede ou no papel São como os seres que nós vemos nas nuvens do céu E vão aparecendo a cada traço à mente, fiel Nos mostrando a realidade e a ficção, o belo e o cruel O poeta e sua donzela As cautelas, sua capela Em Catedrais de velas E na janela, a sua cela Nas canções, nas poesias Nos desenhos, nas teorias Nos livros e nas fantasias Tudo que aparece, se cria A inspiração é um presente de nosso Deus interior O que nós simplesmente entregamos aos outros E a atenção, é o único ato que desejamos em troco Ao mostrar anjos e demônios, santos e monstros E na Casa das palhetas, repletas de sumiços Cada mês, uma nova, um desperdiç

Isso, isso, isso...

A criança se eterniza Depois de velho, ainda nosso herói Se vai com as cinzas Deixando o que o tempo não corrói Nas ruas das telas Mais assistido do que as novelas Hoje ascendem velas Dá pra ver sua estrela pela janela E se foi Mas foi sem querer, querendo E se foi Junto às lágrimas, escorrendo Será eterno, Bolaños Igual à Esperança Será eterno, Bolaños Para essa criança E todas as outras...

Antro

Perfume de lama, chuva e terra E a tempestade na raiz de sua fera Silencio que no medo se encerra Bem ao meio de bonança e guerra A natureza e o poder da noite escura As frestas que só a luz da Lua encontra O olhar se acostuma e a visão se cura A tempestade se acalma ao que afronta E vira garoa Um lobo sai de sua caverna, agradece uivando O vento soa Dentro de preces enquanto o frio vai passando

É quase Janeiro de novo!

Vão me ofuscar Mas não vou desistir de procurar De sempre buscar Dar um jeito do meu sonho lucrar Vingar, crescer e acontecer Impares em pares E amortecer, ao amor tecer Impares em pares Ninguém quer estar sozinho Mas querem sempre fazer seu próprio caminho Ter um tempo livre com vinho Com a mente, o peito, os fantasmas e o espírito Os braços fortalecem ao se machucarem Assim como todo o resto desse corpo E os cosmos aparecem ao te enfrentarem Assim como a vida surge de um sopro E o corpo é uma prisão Mas parece que ninguém pode me segurar A mente cria uma visão E tudo o que vejo é meu desejo de te curar Falaram pra eu me olhar no espelho E só depois eu entendi o que ele me disse Compreendi a metáfora do conselho Também chega longe, quem se torna vice E que o destino Nem sempre é o nosso real objetivo Que é bem vindo Em mais um dia, continuar, estar vivo E o brilho no olhar que agora inflama Não é pela fama É pelo sentido que o Universo clama Teat

Lá do Sertão

Em alguns preciosos segundos Ao sentir as gotas nos braços, na palma da mão e na nuca Tempo ocioso em outro mundo Utópico, onde o cinza se enche de cor, no calor de uma blusa O frio lá de fora que não me afeta Contrastes sem esboços de toda essa vida paralela Enquanto a garoa fina me acerta Enquanto outras pessoas se prendem em novelas Mexem-se os canais do chão Controle remoto da natureza E os pássaros fogem, se vão Rapidamente na correnteza Marés bravas de um vento intenso A beleza que se torna um grande tornado Ascende-se toda vela, todo incenso Aos breves e leves que sempre tem levado Somos partes da gravidade Assim como fazemos parte de nossa mãe liberdade Somos laços da integridade Assim como estamos sempre em busca da verdade Muitas vezes trancados nas ações e reações De um sistema de felicidade instantânea E em outras vezes, mergulhados nas ficções Históricas, retoricas e contemporâneas O frio lá de fora que não me afeta Contrastes sem esboços de

O Novo Velho Rabugento

Disse o mais novo velho rabugento - Podem me chamar de butequeiro Mas nunca, de traiçoeiro Há igrejas do tamanho do meu banheiro Que arrecadam muito mais dinheiro Do que eu e você o dia inteiro Coitado desse velho fuzileiro Que limpou seu bolso de guerreiro Em muita cerveja, cigarro e Velho Barreiro E de tanto estudo, se tornou pedreiro De tantas amantes, foi sempre solteiro Usa pele de lobo, mas é cordeiro Fico aqui, de frente a esse bueiro Ascendo mais um, com algum isqueiro Recitando versos aos forasteiros Prefiro os velhos domingos no terreiro Do que os domingos de futebol e roteiros Vendo crianças correndo e escondendo seus brigadeiros Mas nunca, já mais, vou a um convento ou mosteiro Eu volto a falar em um Deus que não creio Mas que já depositei muitos desejos Eu já nem sei o que ou com quem estou falando aqui fora Talvez eu até saiba onde eu estou agora Mas sempre me perco a essas horas Que nem sei quais são...

A Pessoa do outro lado do Reflexo (da Reflexão)

O espelho às vezes mostra quem não somos Mas sim, quem nós fomos Nos mostra o que acreditamos ver e supomos Nos mata de quem amamos Na verdade, os olhos apenas vêm o que o coração sente E por dentro se atormenta, enquanto nossa mente, mente Tu não é a pior pessoa do mundo Mas nem tão pouco a melhor E não queira me ver surdo a tudo Pois eu conheço o meu redor Só julgam os fatos, os ratos alheios Que se massacram, assim como você Amordaçados dentro de um espelho Sem perceber e sem realmente se ver Nunca é tarde pra querer mudar Nunca é besteira voltar a sonhar E os olhares irão voltar a vidrar, Vidal A vida voltará a ter seu tempero e sal Com limão e açúcar se der o seu aval Se der o seu sinal, nem tudo é do mal

E se eu ando com os Moleques?

Tem em mim A sua confiança O que teme é Estar com fiança Use cada passo Na calma de sua esperança Olhe ao espaço Há tempestade e temperança E só há bonança Quando se alcança Esses moleques até que nos fazem pensar E sabem ousar causar no caos, um bem estar Esses moleques até que nos fazem pensar Simples batidas nas suas ideologias de rimar Esses moleques são mais homens Do que muitos marmanjos Velhos que não assumem, somem E são meros frangos E eu me garanto Mais com eles Do que com aqueles Que só dizem que são felizes E não fazem raízes Nos frutos de suas cicatrizes É... Esses moleques são mais homens

Foda-se os Outros!

Quais flores lhe causam dores Perfumes e odores De muitas ou de poucas cores Diferentes sabores Algumas tem seus venenos Outras casam machucados pequenos O Beija-flor que vem sedento Por ver o seu mais precioso alimento Voa contra o vento Na maré do firmamento Remotos vilarejos Controles do que eu vejo Aos que conversam com a Lua E nem vêm as horas, já passou das duas Não passa nenhum carro na rua E ficam lhe preguntando – Qual é a sua? Confie em ti rapaz Há Liberdade Conquiste sua paz Na Verdade Foda-se os Outros!

Lapsos do que eu Sonhei

Céu limpo Lindo pra praia A luz que está vindo Enquanto mais um dia raia O Nascer do Sol no litoral Orae, orai do inicio ao final Independente de qualquer sinal Faróis, navios e o continental Eu atravessaria o país tão feliz Com uma imperatriz, uma matriz

Filosofia ou Filofobia

Só se aprende a voar Quando não há onde pisar E não se arrepende de levantar De se reerguer e de aguentar O tempo serve pra passar E não pra parar Os machucados vão cicatrizar Mas nem todos irão se curar Sem ter o quê, eles vão falar Sem ter como, não vão se calar E o que nos resta, é apenas aceitar Mas nunca vir a se acomodar Pois isso faz o espírito ruir E é o pior pecado ao se fazer desistir Ter pouca força de reagir E meramente chegar a explodir Em um Mundo inexplorado E um Universo nunca atravessado Uma alma para os renegados Astronauta dos centuriões armados Cinturões dos amados Orion e Artemis lado a lado

Bragi

O desapego me ensinou Que há mil possibilidades Em diferentes felicidades O sossego me ensinou Que há mil sinceridades Em cada traço da criatividade O desespero me ensinou Que há mil intensidades Em cada ponto da verdade O tempero me ensinou Que em tudo há diversidade Independente do verso, frase ou diversidade O tempo me ensinou Que nem tudo que se vê, é a realidade E há muita maldade em alguns atos de bondade O vento me ensinou Que nem tudo obedece à lei da gravidade Que são vários mundos no imenso Universo de universidade Mas ainda há muito a aprender Ainda há muito que crescer e para ver nascer Basta apenas plantar, esperar e assim, florescer e ser

Que Fita... (parte 2)

Diamantes De amantes Horizontes Sem horas Senhores e senhoras Jovens em outrora Pra que tanto brilho Vazio de sorriso Adotados pelo destino? De que valeu ter vivido A fuga dela em cada visto E dele em cada gás, cada fluído? E na Avenida da Saudade do que Eu não Fiz Próximo à esquina da Rua Anonimato Imperatriz Num bar onde todo Nada pode ser Juiz, Infeliz Aqui jaz mais um Zumbi do Sistema Com a cabeça cheia de problemas A quem dedico esse poema Olhares embriagados, pessimistas Clamando os iguais como seus adoráveis artistas E que a verdade seja dita – Que fita!

Velha Era

Flui aos sedentos E ao firmamento Ainda que haja racionamento Aos irracionais, ao relento Nas esquinas, nos cruzamentos Nos faróis mais barulhentos Sem lençóis, filhos do Vento Invisíveis, mas sempre atentos Ao reino dos Céus Mas na Selva de Pedras Abelhas sem mel E Flores dessas Trevas Nobres sonham em passar junto ao camelo Em agulhas feitas ao mais fino dos novelos

Lastro

Ao lastro E mastro Eu voltei Em coro E eu ancorei Acordei Na baía, baia Da praia Terra inexplorada Eu acho Talvez inseparada Ao náufrago Me perdi na ilha De sua mente vazia Falei, mas falhei Em sua imensa afasia Que hoje me causa a azia Que ansiosamente se ânsia

Pirro e Pierrot, Fato Infarto de Ficção

O olhar fixo Ao crucifixo O sacrifício Peito asfixio Perdoa, doa Enquanto o sino soa A cinza voa Enquanto cai, garoa Qual será a verdade que nos libertará? Até quando a gravidade nos prenderá? E lutar pela paz Pelos nossos ideais Ao que é demais Não se faz ou refaz O continuísmo de um catecismo De um fanatismo que não tem altruísmo  É apenas radicalismo, o abismo O omisso, o principio desse mecanismo Assim situado, cinismo O pessimismo e ceticismo Então orado ao ateísmo Não foi curado, o racismo E eu ainda não sei quem criou o criador Não sei o nome do excelentíssimo autor

Na Terceira Cascata

Partes da roupa na pedra E um belo corpo que sai da nascente Me chama com frases belas Chamas que se misturam com a gente E eu vou, largo o violão Largo toda canção, toda razão Só pra me sentir fração Parte simples da multiplicação Lembro-me De quando parecia ser ruim, o frio e o calor juntos Dou risadas E tu pensa que estou prestando atenção no assunto Até o meu olhar vir a se distanciar Ir além desse momento perfeito E em uma nova simetria a se criar De fazer as coisas do meu jeito Um tapa no peito Pedindo atenção com sua face emburrada Um abraço forte Pois só tu me inspira a libertar gargalhadas

Sargitário (A verdadeira morte de Quírion)

E nós, sucumbindo, prestes a desistirmos Planejamos uma emboscada Sobreviver agora era um possível destino Poderíamos voltar para casa Seria essa nossa ultima batalha Fizemos de toda simplicidade, uma navalha Agora toda migalha se espalha Fizemos de cada falha, o campo, a fornalha É, adeus Canalhas Nossas cabeças não serão as suas medalhas Sem jogar a toalha E sejam bem vindos à vossa humilde mortalha Serão apenas parte de nossa história De nossa bandeira, de nossa memória

O Grito do Último Líder Centauro

E do alto de uma montanha Onde os inimigos são coisas pequenas Temem nossa fúria tamanha Contra a luz do Sol, vem nossa resenha Ofuscados aldeães Que se escondem como cães que antes latiam E lá, tinham paixões Mas sem compaixões conosco, apenas sorriam Em preconceito, eles eram mais Agora, em número menor, eles correm Morrem de medo, perdem a paz O que se faz é o terror, apenas olhem Eles serão os simples exemplos Cabeças em tochas Eles serão meros monumentos Corpos sob rochas Matem todo o bravo bárbaro E façam dos fracos, escravos

O Telepata e o Unicórnio

A Nova Era uma coisa bem antiga E a Bossa nova é nostalgia O Horizonte é algo que tu acredita Em uma utopia reescrita Uma bela vista ao que está longe E não se enxerga de verdade É simplesmente, pastos e pontes Luzes, carros, Lua e cidades Nada é tão nítido É apenas, bonito

Seth

Em liberdade criativa No lápis a soltar poesias e desenhos Ideais e pensamentos Em liberdade deliberativa Produtiva, evolutiva em remendos Minhas felicidades e sofrimentos Eu votei por voltar, mas não voltei pra ficar Ainda não parei no tempo, é outro, um novo momento Sigo o ritmo da batida do peito e da mente Em constante crescimento ao instante e ao firmamento Meu Universo de Versos, meu escuro submerso E imenso imerso, perverso, não disperso, não converso Convenço dentro de todo o meu silencio diverso Em liberdade criativa Tranquei só pra mim o que achei ser só meu Um cemitério na gaveta de quem não morreu... Eu...

Pandora

Eu editei, reeditei Ditei e digitei Em voz alta, fiz várias cenas Em cada vez que eu lia Eu refazia Acrescentava detalhes Vilas, vales Complementava Implantava, implementava E é elementar meu caro Somos todos raros E em extinção Eu disse ter exagerado na noite passada Que não faria mais nada dessas coisas erradas E estou aqui de novo, com essa ressaca Eu já perdi a conta De quantas vezes disse que ia parar de beber E agora é hora de crescer Sempre a aprender Desenvolver, se arrepender E também de fazer, tecer e acontecer Pandora, algumas cordas E vários acordes Mas agora, desperte mais forte

Eu troquei a Simetria

Eu troquei a Simetria Por mais sentimentos E a teoria por mais argumentos Eu soltei o balão de ar no céu E até perde-lo de vista Consegui o seguir com a alma Te vi e não tive nada Mas esse nada que é tudo Esse vazio mudo Que nos faz ir a outro mundo Eu troquei a Simetria Por mais poesia Ouvindo músicas francesas  Sem saber o que diziam, senti, sorri sem ti E eu apenas entendendi os acordes Aprendi coisas novas ao dormir Eu troquei a Simetria Pela solidão que antes eu sentia Que eu achava que conhecia Mas que sempre volta assim Sem sorte, diferente E mais forte Eu troquei a Simetria E o problema é meu Talvez, eu Mas enfim Eu troquei a Simetria

Não mora mais comigo

Superficialmente Longe de estar perdendo algo Ou bebendo álcool Longe das irregularidades Mas em minha integridade, intensidade E por que não, imensidade? Já não faz mais a falta que um dia fez Volto pros meus livros e histórias em quadrinhos Volto a trilhar minhas escolhas, meus caminhos E você já sabia que eu voltaria Eu inventava, mas não era a vida que eu queria Enquanto a gente só se feria Melhor assim, superficialmente longe Um dia – namora comigo? – E no outro, não mora mais comigo

Ultrassom da Lua

O homem na Lua, parado Contando as estrelas, os planetas Lá da janela em seu quarto empoeirado Sem lápis, usa a caneta Sem caneta, desenha na areia da praia Sem ondas, sem mar e ainda assim a sonhar Ele desenhou um gigantíssimo coelho Para que a gente pudesse observar Então, disse o poeta bêbado – Aquele é o Ultrassom da Lua! –

Lá pelas 4

Nas ruas Sorrisos e lágrimas Escondidos e em à mostra grátis Em escuridão e Luz Clipe mental e fones de ouvido Mentes fortes e corações frágeis Como se fosse simples Bater palmas e pular por aí feliz Sem serem tachados de vulgares – Olha lá, os malucos – Já eu, prefiro essa galera mesmo!

Cecília

Eu me lembro muito bem da primeira rosa Dos primeiros espinhos em minhas mãos E de como eu nunca mais voltei a tocá-los Só não me lembro muito bem do primeiro tropeço De como me levantei e quanto tempo fiquei no chão Essas coisas são mais difíceis de tentarmos lembrar Displicência, distração Sei que hoje, sou mais ágil pra levantar e continuar Mas sei lá... tenho muita raiva de ser esse tal de Homo-Sapiens Observo os pássaros lá em cima E eu os imagino pensando, cantando - "Pobre do enjaulado que não pode estar aqui, Vendo o quão pequeno são esses humanos Canta pro nada e nem reclama do alpiste seco Não sente esse vento, nem o sabor das frutas Coitado, nem conhece a liberdade" Sinto-me uma pessoa maluca Pensando no que o pássaro poderia estar pensando Mas sei lá... foda-se!!!

Infavor

Em meio a essa turbulência A minha calma e respiração leve Em meio a tanta demência Punhos fechados e a fúria breve Dizem que os tempos mudam Moldam os nossos carácteres Dizem que os tempos sugam Vampiram nossos cadáveres Com tudo, se molda o homem Com o homem, se molda o velho Com todos os que de sua vida somem De que adianta tanto tesouro e castelo? Dizem que você está mais bonito agora Mas nem se olham no espelho e vão embora Eles jugam até o Por-do-Sol e o Aurora Querer melhoria é evoluir primeiro onde mora Ou se libertar do que o aprisiona!

Pequena dose de estrago

Sem pisar nos freios Eu me perdi nas curvas Passei direto, fiz rodeio Encontrei escuridão e chuva Fiquei irrequieto E me esqueci do porque chorava Olhei por entre os vidros E vi que o mundo também sangrava Tentava, cicatrizava E eu aqui com meus problemas pequenos Infesto, infértil Suguei meu sangue até tirar todo o veneno Já não fazia mais sentido socar as paredes O nó na garganta da vingança que não mata a sede

Em meu Livro, me livro

Momentos diversos  Atravessando universos Mesclado e cheio de versos Olhares dispersos Conversas vazias E eu me volto pras poesias e teorias Passos de afasia Cada louco com a sua fantasia Sei que também tenho a minha E muitas vezes não dou a mínima Largo a pessoa falando sozinha Deixo pra lá e volto à minha sina Faço, mas não gosto quando fazem isso comigo De peito apertado, aceno, faço a cena de estar sorrindo E então eu volto na vontade de já estar saindo Reescrevo meu destino e me canso do sabor do vinho A ansiedade vira ânsia  E tudo que desejo, é distância 

Cancer

Um belo Aquário sem peixes Apenas enfeites E à venda, ali perto da parede Presente, aceite Gosto dos seus movimentos De quando for encher de água, então ligar na tomada Gosto do seu encantamento Só não toque o vidro, não deixe as sereias assustadas Há tempos eu perdi um Aquário E deixei algumas citações no diário Como tudo é assim, temporário Reforço os muros de meu santuário De meu Templo De meu Tempo...

Volpato

E eu, que achei que era o único que sentia esses socos Cigarros e vinhos já a essas alturas E só depois achei que nós éramos os seres mais loucos Vivendo todas as nossas loucuras E eu... Vendo tudo, menos a alma a esse Deus criador Que eles mesmos criaram para nos conscientizar Você que acredita no mesmo que eu, no valor Não se importa em sinalizar, assimilar ou analisar Em silencio, sem destino Doses do mais pobre vinho Pura safra ruim e assovios Cura da ressaca em sorrisos Violão... Me segue e me ergue com o mesmo olhar de ontem Me rege, me sinto leve ao levar o mesmo sonho de antes E eu continuo acreditando no som dos alto-falantes No cara que eu vejo n’um espelho cantando aos amantes Mas eu só acredito, porque você também, ainda acredita

(Ex)Boço

Às vezes me frustro apenas por não ter um lápis Não criar, não desenhar e muitas vezes me esquecer da magia Assim como vem, vai rápido e preciso dessa fotografia Tudo o que vejo, quero transformar em poesia Mas não é sempre que tenho um lápis...

Eu que não gosto de andar sem rumo, saí para respirar

Por aí Amando e sendo amado Levando e sendo levado Por aí Somando e sendo multiplicado Trombando e sendo tomado Em tromba d'água, tornado Por aí Sem rumo É tão decepcionante quando olhamos Todo o vazio em que já pisamos Com tudo o que acordados, nós sonhamos Demorei muito para largar a Simetria Desenhei poesias e teorias belas Vivenciei minhas canções em favelas Larguei a busca pela perfeição E eu apenas mudei minha opinião Aceitei todo argumento de atalho e opção Mas só eu escolhi e fiz minha direção Falei tanto de evolução Que eu precisei sentar à beira da estrada Para me satisfazer de tal ação e reação esperada Olhei para a Lua e agradeci Abri os braços para a Chuva e não me recolhi Não corri, apensa senti, sem ti Que onde quer que esteja, sei que também sentiu

Falta de Ar

Cada cicatriz assina Assassina um fantasma Cada momento feliz da vida Suportada na falta de ar, na asma Cada cego vítima do próprio ego Em todo caminho paralelo ao que desapego Em cada passo que trafego, nessa mente cheia de Lego E em léguas, eu sossego e não nego Sou o que Soul...

Essa Insônia Tornou-se Rotineira

Escreve e escreve Para que não seja breve Para que vento não leve Uma pedra sobre as folhas Uma raíz sob as escolhas Os galhos balançam e não alcançam Não tocam o céu São tocados pela tempestade cruel Por todas as estações, olhares ao léu Aos ossos do ofício Ou ao ócio sem sacrifício Redes por entre, um hospício Um edifício e uma casa Um precipício e duas asas E você, não viu nada?

E que os ouvidos não sejam punidos

E metade Já não é boa porcentagem De minha atenção? Me desculpe Mas cada um segue uma direção E abraça sua razão Me perdoa Mas nem todo ouvido se doa E nem todo vento movimenta a minha proa Pego só as ondas que eu desejo Algumas manhãs me causam bocejo E com algumas risadas eu até esbravejo Vou a favor ou contra a maré Quando eu quiser...

Assimilar Assimetria e Simular Simetria

Sonoridade Sonolidade Sonsolidade Sou de verdade Somo idades Somos raridades Sofro em tempestades Solto na bonança das tardes Soco bem no meio de minhas metades Ventos e cata-ventos Que apenas espalham os momentos Entre os sorrisos e os sofrimentos, temos todo Tempo Lá se vai o barco e o avião de papel A abelha fazer seu mel E o pássaro em contraste no céu Todo o horizonte intocado Todo o sonho ilimitado Tudo que as nuvens têm imitado Foi a mente que fez...

Repaginar sem Mudar uma Vírgula

O que já existiu e hoje não existe mais Estranhamente me traz paz Achei interessante boa parte do futuro Pretérito imperfeito do rumo Tomei leite com achocolatado Comprei mais algum feijão enlatado Observei o porão assombrado Desenhei onde já tinha desenhado Naveguei nas mesmas páginas E chorei com as novas lágrimas

Sétima-Feira

Disse a mãe Abra a janela do seu quarto para ele respirar Disse o pai Terás que enfrentar, mas terás que respeitar Disse a professora Tem que aprender para crescer e aparecer Disse o carteiro Bom dia rapaz, hoje não tem carta pra você Saiu sorrindo e foi a melhor noticia do dia...

Teatro de Serenata

O ritmo tocou mais que a poesia em si E os olhares soaram mais que o acorde em dó Ré, Sol, maiores e menores a fazer sentir Sem ti, mi, mim, pronome gaguejado, sem voz Cantei a saudade e o saudosismo Gritei em silencio contra o ceticismo Só queria em meu peito seu ritmo Em egoísmo, mecanismo de abismo O que eu sentia e não o que sentimos Não era mais uma resposta automática, era o sim Deixei de lado por ti, todo o idealismo Não era mais uma proposta matemática para mim Apesar de toda soma, multiplicação e divisão Era só o que eu queria toda manhã e em minha visão Toda noite em meus ouvidos e nossa oração Uma vida inteira feita dessa canção vinda do coração Beijos com gosto de café e janta Aquele abraço apertado que o corpo não se levanta Amor que ninguém mais garanta Aquela paz que nos liberta de todo o nó na garganta Nos faz de nós mesmos E não desse nós à esmo

Página Em Vão

Independente do que farei ou fiz Independente do que possa me fazer calar Independente do que a história diz Independente do que o silencio faz pensar Imaginar, iludir, cegar Você faz tudo isso só e culpa o menos próximo Enfeitar, ir, vir, chegar Você refaz dignidade à dó para sentir-se ótimo A chuva cai lá fora por bem menos que uma hora Reclama ao antes sobre o depois e ao depois sobre o agora Sente saudades e mesmo assim tu não vai lá fora E então chora, independente da metáfora, espora ou aurora Se piora ou melhora De toda mudança que demora Se afora ou se aflora Não olha nem para onde mora Vem me dizer que o mundo é burro E você é tão inteligente Que prefere dividir tudo n´um muro Acreditando ir pra frente Me desculpa, mas você não leu nada camarada!

Belchior

Tá... De certo Que não dê certo O que é correto? Quem realmente é esperto? E quem é honesto? Aos estudos que presto Aos outros que detesto À tudo que seja resto Tá... De certo Que não dê certo Você já tentou?

Laco

Sinta o perfume de terra molhada Onde as vozes ecoam Lá no fim do mundo e sua estrada Onde conceitos soam E soam, ressoam, destoam e se detonam Nossos olhares voam, pousam e repousam Eu tenho muito mais perguntas do que respostas Mas nada disso importa, pois tudo isso já tem uma regra imposta São voltas e revoltas, cheio de todas ideias tortas Nada é tudo e tudo é nada, nessa eterna displicência que sufoca E eu explodi em algumas vezes Me recolhi por meses e meses...

Estação Final, na Terceira Alameda

Ela descia as escadas Com o Universo aos seus pés Ele sumia na estrada Com o seu mundo cheio de revés De todo esse caminho paralelo Os olhares de um Big Bang Ele desenhava os seus castelos E ela lia seu livro no trem Disfarces pra não serem percebidos Até os olhares se cruzarem Então eles descem no mesmo destino E seguem para outros lugares E no outro dia ele espera a rever Os horários têm que bater Mas ainda não sabe o que fazer Talvez esperar alguém ceder E isso se repete por três dias Até ele tomar sua decisão Ela será a garota da sua vida Deseja pegar em sua mão Mas ele é muito tímido Até que ela lhe abre um sorriso Talvez esse seja um aviso Um simpático – Venha comigo Agora começa uma história Cheia dos prólogos e prefácios Nem tudo ficará na memória Pós final feliz, vem o outro lado Uma pequena parte eu posso até cantar Mas o resto, não serei eu que irei contar

Epinefrina

Só não vai se aventurar Aquele que tem medo de morrer Só não lê algum livro Aquele que realmente não gosta de ler Só não chega na frente Quem tem preguiça de correr Só não vai se apaixonar Quem tem medo de se arrepender

Sim, Lenço

Não espere que eu me recorde de cada vírgula Cada centímetro simétrico Não espere que eu decore cada uma das figuras Cada sentimento sintético E que a minha treva, te devore Pois o que se leva, não devolve Não serei seu amor Nem ao menos seu ódio Não serei se clamor Nem ao menos seu pódio Não serei sua imagem de santo curandeiro Nem ao menos um troféu que fica guardado Não serei a sua viagem sem Pai ao terreiro Nem ao menos o réu esperando ser julgado Serei o que de longe, você ainda observa...

Teatro de Erosão

Mágico, magnético E magnífico Um trago tragédico Em sacrifício Um vício sem virtude Pois eu vi sua atitude Abrem-se as cortinas Na fúria com a rotina Sobem-se as esquinas Sabe se lá das retinas Diz, se desmaqueia toda de saudade Borrachas que borram a felicidade Era desenho, poesia e conectividade Era resenha, reserva de veracidade De voracidade veemente E sua velocidade demente Sumiu faz quatro minutos, pela porta E só por enquanto ninguém se importa

(Des)Abar

Às vezes vem e me diz tudo aquilo que desejo ouvir Outras, se vai em silêncio, mesmo quando está por perto Não sei por quanto tempo a máscara suportará sorrir Contra o que chamei de Amor e hoje chamo de desafeto Os dedos no boné baixo escondem o rosto, o desgosto...

Pode vir outra Tempestade!

Suor frio Senti um arrepio Ecoa ao rio Ventos, assovios E eu, que nem amo mais Me perdi num pântano Lembrei como era ter paz Aos prantos e orando Tirei toda força de minhas reservas Recuperei toda luz em minhas trevas Burlei todas as leis das suas regras Naveguei contra o vento e sem velas Pode vir outra Tempestade, que eu aguento Só me deixe aproveitar um pouco dessa breve e tão leve bonança Pode vir outra Tempestade, que eu aguento Só me deixe recuperar alguma porcentagem de minhas esperanças Não sou de ferro, mas eu não sou covarde Então é sério, pode vir outra Tempestade!

Foliar Livros, Discos e Riscos (Prosear Poesias)

Do que adianta sonhar E acordar na cama? Do que adianta levantar Se sua fé não anda? Não gosto muito dos dias que se passaram em vão Não aleatóriei músicas e eu não dancei Não gosto muito dos dias em que não toquei violão Não folheei um livro ou que não foliei Gosto dos dias em que pude transformar ao menos uma coisa em Poesia

Só Isso!

Eles te pedem conselho Mas o que querem é um consolo Aí, apenas vão supondo Enquanto esse Sol, vai se pondo Todas as dores no corpo Nos pedem para deixarmos tudo para amanhã Precisamos de um sopro Pra revigorar a força da determinação campeã Vamos assumir a vida e viver Reconhecer a vitória e vencer Só isso...